Título: Protestos na Europa e nos Estados Unidos
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 02/05/2012, Economia, p. 9

Milhares de trabalhadores tomaram as ruas na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia durante o Dia do Trabalho. Todos protestavam contra medidas de austeridade adotadas pelos governos para combater a crise e pediam por emprego e salários mais dignos. Atenas, Madri, Barcelona e Nova York registraram os focos de maior tensão, locais onde manifestantes chegaram a entrar em choque com a polícia e pessoas foram presas. Na Grécia, mais de 18 mil marcharam rumo ao parlamento com faixas e gritos de ordem. Para o próximo fim de semana, quando o país passará por uma eleição, os sindicatos prometem fazer ainda mais barulho e, na urna, diminuir o poder dos principais partidos que dão sustentação ao resgate da economia grega.

Sindicatos na Grécia, na Espanha, em Portugal, na Itália e na França usaram as tradicionais passeatas do Dia do Trabalho para demonstrar irritação contra as medidas de austeridade em toda a Zona do Euro. Segundo os sindicalistas, as decisões tomadas pelo governo tinham o objetivo de organizar as finanças, mas mergulharam ainda mais os países na recessão. "Nossa mensagem será mais forte no domingo", garantiu Maria Drakaki, 45 anos, funcionária pública grega cujo salário foi reduzido. "Não tem como eu votar em um dos dois principais partidos", disse. Além dos protestos, o feriado foi marcado por uma greve geral na Grécia, com interrupção dos serviços de transporte e saúde.

Há cinco dias das eleições legislativas, em 6 de maio na Grécia, as manifestações emprestaram uma carga extra de dramaticidade ao pleito. Os dois principais partidos amargam uma queda severa de popularidade e o resultado é dado como incerto pelos especialistas. O temor no Fundo Monetário Internacional (FMI), no Banco Central Europeu e em Frankfurt, é de que os escolhidos pelos eleitores não deem continuidade ao processo de recuperação e o país quebre de vez. A economia grega, afundada em uma recessão há cinco anos, ainda sofre para se reerguer, mesmo depois de receber os planos de resgate internacional. Economistas explicam que essa dificuldade se deve ao rigor desses projetos de recuperação, uma trava que inibe qualquer esperança de recuperação do país e impede a retomada de qualquer grau de competitividade.

Recessão Com queda de 14% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) acumulada desde 2008, os gregos têm pago uma fatura pesada pelo ajuste econômico imposto pelos seus credores. O novo governo que será eleito no domingo terá o desafio de desagradar ainda mais a população e realizar apertos no valor de 11,5 bilhões de euros entre 2013 e 2014, uma condição para que o país receba as transferências do segundo empréstimo. "Estes novos cortes serão a prova crucial do novo governo", disse Panayotis Petrakis, professor de economia na Universidade de Atenas.

Em Madri, os manifestantes foram às ruas contra os cortes sociais e a reforma trabalhista realizada pelo governo. Na Indonésia, 9 mil protestaram na capital, Jacarta, em prol de aumentos de salários e contra a falta de segurança no emprego. Em Hong Kong, 5 mil pediram uma melhoria das aposentadorias, redução da carga semanal e um aumento no valor da hora de trabalho.

Nos EUA, o movimento Occupy Wall Street voltou às ruas de Nova York com a proposta de realizar uma greve geral nos Estados Unidos. Pequenos grupos concentravam-se simultaneamente diante de várias corporações em Manhattan enfrentando a polícia.