O globo, n. 30997, 19/06/2018. Economia, p. 17​

 

País sobe uma posição e se torna o 9º produtor de petróleo do mundo

Ramona Ordoñez

19/06/2018

 

 

Sem expansão do refino, porém, deve crescer a importação de derivados

O Brasil subiu um degrau no ranking dos dez maiores produtores de petróleo do mundo. O país está em 9º lugar, com uma produção média de 3,2 milhões de barris de petróleo (óleo e gás) por dia, representando 3% da produção total mundial. O ranking é da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), com base nos dados de 2017. O Brasil passou o Kuwait, país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que teve produção de 3,1 milhão de barris.

O diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), José Mauro Coelho, destacou que tudo indica que a produção de petróleo vai continuar crescendo significativamente no país nos próximos anos. Segundo o executivo, a expectativa é que, em 2026, a produção brasileira atinja 5,2 milhões de barris diários de petróleo, quase o dobro do que foi produzido em 2016 (2,7 milhões de barris por dia).

Mas, de acordo com Coelho, a falta de investimentos na expansão do refino no país poderá fazer com que o Brasil esteja entre os cinco maiores exportadores de petróleo do mundo em 2026. Isto porque, sem ampliação da capacidade de refino para atender ao aumento do consumo de combustíveis, ao mesmo tempo em que sobrará petróleo cru para exportar, o país terá de importar maior volume de derivados.

— Devido aos baixos investimentos em refino no período, poderemos, em 2026, estar exportando algo em torno de três milhões de barris/dia. Estaremos entre os cinco maiores exportadores de petróleo do mundo. Possivelmente, atrás somente de Arábia Saudita, Rússia, Iraque e Canadá — destacou.

DIESEL, GLP E GASOLINA

Sem novos investimentos para o aumento da capacidade de refino — hoje, 98% são controlados pela Petrobras —, em 2026 o Brasil será um forte importador de derivados, o que não é bom em termos estratégicos. E os derivados no mercado internacional têm um preço superior ao da cotação do petróleo cru.

— Nossas projeções mostram que, se não investirmos em refino, poderemos, em 2026, estar importando cerca de 800 mil barris por dia de derivados, em especial óleo diesel, e também outros derivados, como GLP, nafta, gasolina e QAV (querosene de aviação) — disse Coelho.

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) abriu consulta pública no último dia 11 para discutir a periodicidade do repasse dos aumentos de preços dos combustíveis para os consumidores. A política de reajustes quase diários dos combustíveis adotada pela Petrobras vem provocando forte discussão. O movimento se intensificou após a greve dos caminhoneiros, que tinha entre os pontos em discussão os aumentos dos preços do diesel.

O diretor-geral da ANP, Décio Oddone, tem justificado sua decisão de estudar a periodicidade dos reajustes para os consumidores com o fato de o mercado ser distorcido, monopolista, dominado pela Petrobras. Segundo ele, é fundamental a entrada de investidores no refino no Brasil.