Título: Leréia quer depor na CPI do Cachoeira
Autor: Caitano, Adriana
Fonte: Correio Braziliense, 04/05/2012, Política, p. 3

Pressionado pelo PSDB a dar satisfações sobre seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e até a deixar o partido para evitar constrangimentos, o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) enviou um ofício à CPI do Cachoeira pedindo para que seja convidado ou convocado a depor “imediatamente”. O parlamentar goiano subiu à tribuna do plenário para anunciar que enviaria o documento ao presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e ao relator, deputado Odair Cunha (PT-MG). Ele também confirmou que Carlinhos Cachoeira é seu “amigo pessoal” e parabenizou o bicheiro pelo aniversário ontem — detido no Complexo Penitenciário da Papuda, o contraventor completou 49 anos.

Em gravações feitas pela Polícia Federal, Leréia aparece recebendo a senha do cartão de crédito de Cachoeira, supostamente para fazer pagamentos de despesas pessoais. O deputado, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, ainda teria facilitado a emissão de vistos para a sogra do bicheiro, Meire Alves Mendonça, no ano passado e pediu emprestado o apartamento do bicheiro no Rio de Janeiro, para acompanhar o réveillon em Copacabana.

Leréia divulgou também um trecho do inquérito que está no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Operação Monte Carlo, que prendeu o bicheiro. No texto, a Procuradoria-Geral da República afirma não existir “elementos mínimos” que demonstrem que o parlamentar tenha participação com o objeto investigado pela Polícia Federal. No documento destacado, a PGR ainda indica que “os contatos telefônicos relativos ao deputado não guardam relação com a exploração de jogos ilegais” e giram em torno da amizade entre ele e Cachoeira. Na próxima terça, o deputado deve apresentar mais explicações aos vice-líderes do PSDB sobre sua relação com Cachoeira. Nos bastidores, Leréia diz estar seguro de que não precisará deixar a legenda.

Sindicância Leréia é um dos alvos da investigação iniciada na Corregedoria da Câmara para apurar o envolvimento de parlamentares com Cachoeira. Uma comissão de sindicância formada por cinco parlamentares analisa as representações entregues contra Rubens Otoni (PT-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e o deputado tucano. Além do corregedor, Eduardo da Fonte (PP-PE), fazem parte da comissão os deputados Maurício Quintela Lessa (PR-AL), Jerônimo Goergen (PP-RS), Evandro Milhomen (PCdoB-AP) e Odair Cunha.

De acordo com o corregedor, a comissão pediu ao STF detalhes do inquérito que tratam diretamente dos três deputados sob investigação e espera receber os documentos até a próxima quarta-feira. Os parlamentares já foram citados pela Corregedoria e apresentaram defesa. Agora os relatores de cada caso analisam as justificativas. A comissão tem 45 dias úteis, renováveis pelo mesmo período, para apresentar um parecer final à Mesa Diretora da Câmara. Se a decisão for pela punição aos parlamentares, o processo será encaminhado ao Conselho de Ética.

45 dias úteis Prazo que a comissão de sindicância da Câmara tem para apresentar um parecer sobre as representações contra Rubens Otoni (PT-GO), Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO)