O globo, n. 31035, 27/09/2018. País, p. 3

 

Em busca do apoio do PSB, PDT de Ciro fecha com Márcio França em SP

Luís Lima

27/07/2018

 

 

Atual governador, que busca reeleição, resiste à aliança com candidato pedetista

-SÃO PAULO- Em aceno ao PSB, o PDT anunciou ontem o apoio à reeleição do governador de São Paulo, Márcio França. O presidenciável Ciro Gomes participou da convenção de seu partido em São Paulo, mas não apareceu publicamente ao lado do novo aliado.

França é um dos caciques do PSB que resiste ao acordo com Ciro. O governador paulista já declarou que seu candidato na disputa presidencial é o tucano Geraldo Alckmin, de quem herdou o cargo. Os socialistas adiaram a definição sobre o que farão na eleição deste ano para a convenção do dia 5 de agosto.

O partido também tem sido procurado pelo PT. Diante da divisão interna, é discutida a hipótese de a legenda liberar os seus diretórios estaduais para apoiarem o candidato que acharem mais conveniente. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, é contra a liberação dos diretórios. Como forma de tentar evitar uma divisão, França vinha lançando nos últimas dias a ideia de o partido ter um candidato próprio.

O governador de São Paulo deixou a Assembleia Legislativa, onde se realizou a convenção estadual do PDT, antes da chegada de Ciro. O presidenciável disse que o desencontro aconteceu “por acaso”, e que os dois almoçaram juntos recentemente.

— Uma das principais coisas que Leonel Brizola (ex-governador e líder do PDT) me disse foi: “A abelha não vem se não for com mel”, ou seja, só o mel atrai a abelha para o seu habitat natural. Se acho que o melhor para São Paulo é a candidatura do governador Márcio França, eles têm que achar que, para o Brasil, o melhor é Ciro Gomes — disse o presidente do PDT, Carlos Lupi,.

França agradeceu o apoio e afirmou que os partidos são “quase irmãos”:

— Preciso do PDT para governar o estado de São Paulo. Não é uma tarefa fácil. Isso aqui é um país dentro de um país — disse França.

Em seu discurso após a saída de França, Ciro aproveitou para atacar o pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria. A jornalistas, disse que este não é o último esforço para atrair o apoio do PSB e que não considera arriscado apoiar sem ser apoiado pois faz política “pelo que considera certo”. Acrescentou que também está preparado para uma eventual negativa.

— Estamos tomando posição onde achamos que devemos tomar naquilo que achamos correto. Em São Paulo, 24 anos de PSDB, já deu. E o Márcio França, velho amigo e companheiro, tem os dotes de decência, humildade e modéstia para celebrar as inteligências de São Paulo.