Correio braziliense, n. 20183, 24/08/2018. Cidades, p. 18

 

Cristovam bate boca com petista

Alexandre de Paula

24/08/2018

 

 

ELEIÇÕES 2018 » Em corpo a corpo na área central, o senador Cristovam Buarque desentendeu-se com manifestante que o chamou de golpista. O candidato à reeleição ao Senado caminhou ao lado do postulante ao Buriti Rogério Rosso e de aliados

Na passagem do candidato Rogério Rosso (PSD) e de aliados pelo Setor Comercial Sul na tarde de ontem, alguns eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva protestaram com gritos de “Lula livre” e “golpista”, destinados a Rosso e ao senador Cristovam Buarque (PPS). Os dois votaram a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Rosso, inclusive, foi presidente da comissão especial do processo que culminou com o afastamento da petista. O candidato ao GDF ignorou os ataques, mas Cristovam perdeu a paciência e bateu boca com um manifestante.

Além de “golpista”, ele chamou o senador, que busca a reeleição, de traidor e disse que ele era uma decepção. Com dedo apontado para o homem, Cristovam respondeu com gritos de “corrupto”. Aliados e membros da campanha da coligação tiraram o senador do local, mas, ao longo da caminhada, ele ainda ouviu outros gritos de “golpista”. Rosso minimizou a situação. Para ele, esse tipo de ato faz parte do processo de campanha. “Vivemos em uma democracia. Passamos por umas 10 mil pessoas e umas quatro fizeram isso. Então, acho que é uma boa estatística”, disse o postulante ao GDF.

O deputado federal licenciado dedicou o fim da manhã e o início da tarde de ontem para a caminhada pelo Setor Comercial Sul. Ele fez corpo a corpo com eleitores, conversou com comerciantes e ouviu sugestões para melhorias no local. Além do senador Cristovam Buarque, Rosso teve a companhia de aliados como Fernando Marques (candidato ao senado pelo Solidariedade) e o vice-governador Renato Santana, postulante a federal pelo PSD, e o vice da chapa, pastor Egmar Tavares (PRB).

Empregos

Rosso defendeu a revitalização da região, com medidas para modernizar o espaço e garantir segurança. “O Setor Comercial Sul é o coração comercial do Plano Piloto. Aqui é uma das áreas mais nobres e bem localizadas, porém nenhum projeto de revitalização foi feito”, criticou. “Hoje, é impossível estacionar um automóvel aqui. Enquanto no mundo inteiro há o controle de estacionamento, aqui não existe, e a gente precisa estudar isso”, propôs.

O setor reúne grande número de artesãos e ambulantes. Rosso ouviu de muitos deles o questionamento de como trataria o comércio informal em um eventual governo. O candidato garantiu que manterá as bancas enquanto não houver outro local adequado para colocá-las e que trabalhará para regularização. “O nosso espírito não é de ser truculento, é de regularizar de uma forma segura e confortável. Todo mundo que está trabalhando vai continuar trabalhando, e com mais dignidade”, disse. Ele afirmou que é preciso olhar para esses comerciantes como pequenos empresários. “Mesmo os informais geram empregos e a população usa esse serviço.”

A geração de empregos, inclusive, foi um dos temas mais tratados por Rosso. Uma das propostas que o candidato defende é a criação de uma zona franca no Entorno. De acordo com ele, a ideia seria executada aos moldes da Zona Franca de Manaus e atrairia investidores para a região, criando ocupação para moradores da capital e dos municípios vizinhos ao Distrito Federal. A área abrangeria cidades de Minas Gerais e de Goiás com até 30km de distância da divisa com o DF.

O projeto, apresentado por Rosso na Câmara dos Deputados, está aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), mas precisa ser analisado e votado pelos parlamentares.