Título: Leréia cada vez mais pressionado
Autor: Correia, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 08/05/2012, Política, p. 4

A divulgação de gravações indicando que o deputado goiano Carlos Alberto Leréia (PSDB) fazia parte do grupo de parlamentares que negociava com o contraventor Carlinhos Cachoeira a liberação de emendas do Orçamento da União e as declarações recentes de reafirmando sua amizade com o bicheiro o deixaram mais próximo da porta de saída do partido. “Ou ele sai, ou é saído. Não existe essa história de se licenciar da legenda”, sentencia um tucano do alto clero.

Leréia agiu para ganhar tempo dentro da legenda ao enviar, na semana passada, um ofício à CPI do Cachoeira pedindo para ser convidado ou convocado a depor. Evitou, assim, se expor diante de companheiros de bancada na reunião que estava marcada para hoje, da qual temia já sair, na prática, um deputado sem legenda. “Não podemos expulsá-lo sem antes dar a chance de o colega se explicar, ele tem garantido o direito de defesa”, diz o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).

Mas o discurso de Leréia, que na última quinta-feira reafirmou a “amizade pessoal” com Cachoeira e lembrou em plenário o aniversário de 49 anos do contraventor, preso desde 29 de fevereiro pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo, constrangeu o PSDB. Hoje, são poucos os tucanos que ainda defendem o licenciamento do deputado, e não a sua saída definitiva o partido. “Ele não se ajudou nem um pouco com aquela fala”, reconhece Araújo. A situação do tucano não é grave apenas dentro do partido. Relator do processo que corre contra Leréia em uma comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) deve se pronunciar pela abertura do processo de cassação de mandato do deputado.

Por meio de nota, Leréia refuta ter tratado de emendas parlamentares para beneficiar Cachoeira. “Sempre de forma clara e objetiva me preocupei a destinar verbas para o desenvolvimento dos municípios que represento, bem como as entidades sociais do meu estado”, disse o deputado, que também negou ter “usado de barganha” para garantir sua permanência no PSDB. Nos bastidores, contudo, o deputado tem pressionado seus colegas na tentativa de evitar a abertura de um processo de expulsão da legenda. Leréia também acena com a possibilidade de se transformar em um “homem-bomba”, em seu depoimento na CPI.

“Não podemos expulsá-lo sem antes dar a chance de o colega se explicar, ele tem garantido o direito de defesa” Bruno Araújo (PE), líder do PSDB na Câmara