O globo, n. 31028, 20/07/2018. País, p. 5

 

PRP descarta indicação de vice para chapa de Bolsonaro

Leticia Fernandes

20/07/2018

 

 

Pré-candidato a presidente reclama e diz que seu ‘partido é o povo’

Apesar da tentativa de aliados do pré-candidato do PSL a presidente, Jair Bolsonaro, de retomar a aliança com o PRP, o presidente da legenda, Ovasco Resende, disse ao GLOBO ontem que está descartado o nome do general da reserva Augusto Heleno como vice na chapa de Bolsonaro, assim como qualquer outra indicação da sigla para a candidatura.

O dirigente fez uma reunião ontem, em São Paulo, com o presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno, e com Julian Lemos, vice-presidente da legenda. Os dois marcaram o encontro com Resende para tentar segurar o PRP na aliança tendo Heleno como vice, o que chegou a ser confirmado por Bolsonaro. O PRP, no entanto, rejeitou a aliança, confirmando o isolamento do candidato, líder nas pesquisas de intenções de votos sem o ex-presidente Lula.

— A gente já havia oficializado essa questão de que o PRP não irá indicar o nome do general Heleno para vice do pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro, essa questão está resolvida. Não é só o general Heleno, não iremos indicar nome nenhum nessa chapa de coligação majoritária — afirmou o presidente do PRP, horas depois da reunião.

“FALSA NARRATIVA”, DIZ PRÉ-CANDIDATO

Ovasco Resende não descartou, no entanto, apoiar futuramente a candidatura de Jair Bolsonaro:

— Se nós vamos apoiá-los ou fazer coligações com eles, só o futuro vai dizer lá nas convenções.

Além do partido nanico, que rejeitou a aliança com o pré-candidato à Presidência, o PR também desistiu de se coligar a Bolsonaro. O vice que o deputado queria na legenda era o senador Magno Malta (PR-ES), mas o plano não deu certo.

Com o naufrágio das duas principais apostas, o pré-candidato corre em busca de uma alternativa. Uma delas é a advogada Janaína Paschoal, filiada ao PSL. O nome dela vinha sendo cotado para a disputa do do governo de São Paulo, embora pessoas ligadas ao partido no estado acreditem que a advogada prefira concorrer à vaga de deputada.

No Twitter, Bolsonaro reclamou do que classificou como “falsa narrativa”.

O pré-candidato disse que “jamais” se comprometeu com esses partidos ou candidatos. “Não tenho obsessão pelo poder. Queremos fazer diferente. Se for para fazer igual a todos estamos fora sem problema algum. A escolha é dos eleitores”, afirmou.

Em outra mensagem, negou que ter feito acordos com outros partidos.

“A maioria da imprensa cria falsa narrativa como se tivesse sido descartado por fulano e cicrano. Jamais me comprometi com nenhum dos citados. Sempre deixei claro que meu partido é o povo e agora tentam desonestamente inverter a situação para mais uma vez nos descredibilizar!”, escreveu Bolsonaro em seu perfil oficial no Twitter.

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STJ nega ação para Lula dar entrevistas

Mateus Coutinho

20/07/2018

 

 

Para ministro, um outro recurso ainda poderia ser feito ao TRF-4

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, negou ontem um habeas corpus para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pudesse conceder entrevistas de dentro da prisão. O pedido foi protocolado pelo advogado Ricardo Luiz Ferreira que, segundo divulgou o STJ, não tem procuração para atuar na defesa do petista.

Essa é a primeira decisão de uma Corte superior que nega o direito de entrevista de Lula, que, apesar de preso, ainda é líder nas pesquisas de intenção de voto. O PT anunciou que irá manter a candidatura do ex-presidente até a Justiça Eleitoral se posicionar sobre sua elegibilidade.

A autorização para entrevistas foi inicialmente negada na semana passada pela juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Execuções Penais (VEP) de Curitiba. Na quarta-feira, a magistrada rejeitou um recurso contra a sua decisão.

O advogado Ricardo Luiz Ferreira recorreu ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que negou o pedido por entender que existe uma desautorização expressa da defesa do Lula quanto aos recursos protocolados por quem não está constituído como defensor do petista.

O advogado, então, recorreu ao STJ. Mas Humberto Martins ressaltou que ainda caba recurso dentro do TRF-4 e que, por isso, o habeas corpus não poderia ser admitido.

No pedido, o advogado alegou que, apesar de não ter procuração nos autos para defender o ex-presidente, o pedido se justificaria pela defesa da liberdade de imprensa.