Título: PSD e DEM na briga por tucano
Autor: Lira , Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 13/05/2012, Política, p. 8

O PSD desconversa, mas entrou de vez na disputa para indicar a vaga de vice na chapa de José Serra (PSDB) para a Prefeitura de São Paulo. Apesar de saber que seu poder de atração aumentará caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conceda o tempo de televisão e o direito ao fundo partidário, a legenda não quer esperar a decisão. Ontem, a cúpula do partido organizou uma pajelança no Edifício Joelma, em São Paulo, reunindo Serra e os pré-candidatos do PSD no estado. "Nossa aliança independe da indicação para vice. Mas estamos em permanente conversa", disse o líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP).

O partido disputa a indicação com o DEM. O nome favorito no partido é o do secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider. Próximo de Serra, ele tem o aval de outro serrista influente, o senador Aloysio Nunes Ferreira. Há pouco mais de um mês, o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), reclamou ao ex-presidente Fernando Henrique do lobby de Serra e outros tucanos por uma aliança mais efetiva com o PSD. Disse que os pessedistas já desidrataram o DEM no país e que seria um absurdo virarem parceiros preferenciais na maior cidade do país.

Na última semana, a disputa entre os dois partidos ficou ainda mais explícita. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ofereceu ao presidente estadual do DEM em São Paulo, Jorge Tadeu Mudalen, uma vaga no Tribunal de Contas do Município. Mudalen é anti-Serra e, fora do jogo político, não teria como impedir uma aliança de seu partido com o tucanato. Mas, segundo apurou o Correio, a recompensa só viria se o DEM concordasse em abrir mão do direito à vaga de vice.

Mudalen acusou o golpe com o vazamento do convite e apressou-se em ligar para Agripino para desmentir a oferta. "Ele me garantiu que as informações eram falsas", disse Agripino. O presidente nacional do DEM quer atrelar a aliança em São Paulo ao apoio dos tucanos à candidatura de Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) à Prefeitura de Salvador.

Pressão Enquanto o PSDB não decide quem será o vice de Serra, o PT sente-se pressionado pelo fato de seu candidato à prefeitura paulistana, Fernando Haddad, permanecer estacionado nos 3% da intenção de voto após uma nova rodada de pesquisas eleitorais. A pedido do PT, Haddad deixou o Ministério da Educação no fim de janeiro, justamente para tornar-se conhecido do eleitorado.

Os petistas ainda se agarravam na ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em imagens ao lado de seu pupilo eleitoral para justificar os resultados pífios. "As pessoas ainda não associam Haddad ao PT", admitiu o coordenador do programa de governo do partido, deputado Carlos Zarattini (PT-SP).

O coordenador do programa de governo de Haddad lembra que nenhum dos demais pré-candidatos alterou seus percentuais de intenção de voto em relação às pesquisas eleitorais anteriores. "O Serra teve 15 dias de propaganda de rádio e televisão e continua estacionado nos 31", lamentou Zarattini.

"Enquanto os telejornais não se interessarem pela campanha ou a propaganda eleitoral tiver início, o quadro não vai mudar" Carlos Zarattini, coordenador do programa de governo do PT