Correio braziliense, n. 20168, 09/08/2018. Cidades, p. 21

 

DF garante palanque nacional

Helena Mader

09/08/2018

 

 

ELEIÇÕES 2018 » Pelo menos nove concorrentes ao Palácio do Planalto terão espaço para defender as candidaturas ao lado de postulantes ao Palácio do Buriti. O número, no entanto, deve aumentar, pois ainda há negociações em aberto com presidenciáveis

Nove candidatos à Presidência da República terão palanque no Distrito Federal graças às coligações formadas para a disputa ao Palácio do Buriti. Os principais concorrentes ao Palácio do Planalto contarão com espaço na capital federal para pedir votos e divulgar propostas. Há casos de postulantes à Presidência que terão mais de um palanque e de aspirantes ao governo local que pedirão voto para mais de um político na corrida presidencial. Outros preferiram ficar neutros, o que abre a possibilidade para negociações nas próximas semanas.

É o caso da chapa encabeçada pela ex-distrital Eliana Pedrosa (Pros). A candidatura da ex-parlamentar ao GDF reuniu sete partidos. Além da legenda de Eliana, a coligação conta com o apoio de PTB, PMN, PMB, PTC, Patriota e PHS. Entre as siglas, só o Patriota tem candidato à Presidência da República — o deputado federal Cabo Daciolo (RJ). O concorrente a vice-governador do grupo, Alírio Neto (PTB), explica que se optou pela neutralidade. “Estamos livres nesse sentido, podemos receber qualquer candidato à Presidência. Isso ainda será analisado”, argumentou o ex-presidente da Câmara Legislativa. Alírio garante que ainda não escolheu um dos postulantes ao Planalto, o que também contribuiu para a decisão. “Não tenho candidato ainda. Só consigo fazer política quando acredito na causa e, até agora, ninguém ainda me encantou”, garante.

O grupo de Eliana, entretanto, tentou atrair o PDT no DF oferecendo palanque a Ciro Gomes. Essa era uma das propostas nas negociações pelo apoio dos pedetistas, além da possibilidade de eleger um deputado federal. Mas, depois de semanas de mistério, o PDT anunciou, na última segunda-feira, que apoiará a reeleição de Rodrigo Rollemberg (PSB).

Grato pelo apoio, o governador participou da oficialização da chapa de Ciro Gomes e elogiou o ex-ministro da Fazenda. Rollemberg, no entanto, integra uma coligação formada, ainda, pelo PV e pela Rede, que dão suporte à candidata Marina Silva (Rede). Ele participou da convenção da sigla e cumprimentou a ex-ministra do Meio Ambiente. Segundo o governador, o palanque dele será duplo. “O Ciro é um gestor experiente, que representa muitos valores para a política brasileira. Mas é importante registrar que, em uma chapa múltipla, onde temos um candidato a vice-governador do PV (Eduardo Brandão) e um senador da Rede (Chico Leite), é normal e natural que a candidata encontre abrigo quando vier fazer campanha em Brasília”, disse Rollemberg, em menção a Marina Silva.

Afinidade

O deputado federal Rogério Rosso (PSD), candidato ao governo em uma coligação que reúne PPS, PRB, Podemos, Solidariedade e PSC, anunciou apoio à candidatura de Alvaro Dias, do Podemos, à Presidência da República. Havia uma expectativa de que o parlamentar caminhasse ao lado de Geraldo Alckmin (PSDB), mas ele surpreendeu e optou pelo ex-senador.

Durante o anúncio, o parlamentar explicou que a opção ocorreu por afinidades em questões de programa de governo e pela garantia de que, caso eleito, o presidenciável do Podemos trará recursos para o DF nas áreas da saúde, educação e segurança pública. “Alvaro Dias comprometeu-se a enterrar a reforma da Previdência e a fazer a reforma tributária para o país voltar a ser competitivo”, justificou Rosso, no anúncio do apoio ao candidato do Podemos. Na ocasião, o deputado do PSD negou que a opção por Alvaro Dias tenha relação com a decisão de Alckmin de apoiar a candidatura de Alberto Fraga (DEM) ao Palácio do Buriti.

Calendário eleitoral

15 de agosto

Data-limite para o registro das candidaturas

17 de setembro

Último dia para a substituição dos candidatos

7 de outubro

Primeiro turno das eleições

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Mesmo preso, Lula terá apoio duplo

09/08/2018

 

 

Alberto Fraga, líder da bancada da bala que se declarava eleitor de Jair Bolsonaro (PSL), mudou de rumos e, na semana passada, garantiu que seguirá as orientações partidárias e fará campanha para o candidato tucano ao Palácio do Planalto. O acerto entre Fraga e Geraldo Alckmin foi selado na convenção nacional do DEM. Nacionalmente, os dois partidos estarão juntos.

Jair Bolsonaro terá ao menos um palanque no Distrito Federal: o general Paulo Chagas (PRP) fará campanha ao governo local com o apelo de ser defensor do deputado federal do PSL. Nacionalmente, os dois partidos não estão unidos, mas Chagas garante que isso não será empecilho. “O PRP de Brasília é 100% Bolsonaro. Estamos com liberdade total para apoiá-lo”, diz o representante do PRP.

O candidato do MDB, Ibaneis Rocha, lidera a lista de concorrentes com mais inserções na propaganda eleitoral gratuita na tevê e no rádio graças à coligação formada por Avante, PP, PPL e PSL. Apesar de o partido dele ter candidato à Presidência — o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles —, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB/DF) não decidiu se dará palanque ao correligionário. “Vamos fazer uma reunião com todos os presidentes de partidos para tratar desse assunto. Temos outras legendas com candidatos ao Planalto, como o PPL, de João Goulart Filho”, explicou Ibaneis. Além disso, o advogado explica que tem diferenças ideológicas com Meirelles. “Temos pontos de divergências, especialmente pela minha história de vida, como o tratamento aos servidores públicos”, acrescentou o concorrente do MDB.

Campanha

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá dois palanques na capital federal. Apesar de estar preso desde abril, após ser condenado em segunda instância na Operação Lava-Jato, Lula terá espaço na cidade. O candidato do PT ao Palácio do Buriti, Júlio Miragaya, conta que a campanha será um palanque de desagravo ao ex-presidente. “Vamos fazer o registro da candidatura de Lula no dia 15, e a nossa expectativa é de que ele seja solto”, comenta. Para Miragaya, o fato de o correligionário estar preso não atrapalha a campanha. “Lula é a pessoa mais conhecida de todo o Brasil”, justifica.

O PCO também dará palanque para Lula. O partido tem candidato próprio ao Palácio do Buriti, Renan Rosa. Mas, nacionalmente, a sigla apoia o PT. “A nossa campanha e de todo o PCO, nacionalmente, é pela liberdade do Lula. Os comícios e reuniões que fizermos em Brasília serão nesse sentido”, afirma Gilson Vasconcelos Dobbin, candidato a vice-governador da chapa do PCO no DF.

Outros dois partidos de esquerda terão candidatos próprios à Presidência, com palanques no Distrito Federal. O PSol, da candidata ao GDF Fátima de Sousa, lançou Guilherme Boulos para a disputa ao Palácio do Planalto. O PSTU registrou a candidatura de Antônio Guillen ao Buriti, que servirá como palanque para a representante nacional da sigla, Vera Lúcia.