Título: Dólar chega a R$ 2 e Mantega acha bom
Autor: Franco , Carlos ; Hessel , Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 15/05/2012, Economia, p. 10
O cenário de forte aversão ao risco nos mercados aliado a um movimento de especulação, com investidores testando patamares mais elevados do dólar, fez a moeda norte-americana fechar com alta de quase 2% ontem, encostando no patamar de R$ 2,00, por volta das 13h, o maior valor desde 13 de julho de 2009. O dólar fechou o dia com valorização de 1,73%, com a moeda cotada a R$ 1,9899 real na venda, na maior valorização diária desde 12 de dezembro passado, quando subiu 1,24%.
“O mercado foi testar os R$ 2, parece que houve alguma especulação. O dólar subiu bem na hora do almoço, em um horário vazio, e depois desceu rápido”, disse o operador de câmbio da B&T Corretora de Câmbio, Marcos Trabbold. O patamar de R$ 2 é considerado ideal por integrantes da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff para promover as exportações brasileiras.
Já a compra da divisa americana tem a ver com movimento preventivo em todo o mundo, uma vez que os títulos europeus e o próprio euro estão sob o impacto de uma crise que parece não ter fim. Nesses momentos, o dólar que substituiu na década de 1970, o padrão ouro como lastro das moedas globais, é considerado um porto seguro.
Ajuste
Desde o que o dólar atingiu R$ 1,90, há dez dias, o Banco Central (BC) não atuou mais comprando dólares no mercado à vista. Frente a uma cesta de moedas, o dólar registrava valorização de cerca de 0,50%. Por isso, também o mercado quis testar até que patamar a autoridade monetária irá aceitar a cotação sem fazer leilões de compra.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi rápido na resposta aos mercados. Fez elogios à alta da moeda norte-americana. “O dólar alto beneficia a economia brasileira porque dá mais competitividade aos produtos brasileiros. Eles podem competir melhor com os importados que ficam mais caros e a indústria brasileira pode exportar mais barato. Portanto, não preocupa”, disse, logo ao chegar ao seu gabinete na Esplanada dos Ministérios.
Mantega também voltou a descartar qualquer trava do governo para a cotação da moeda norte-americana. “O governo nunca estabeleceu nenhum parâmetro para o dólar e não vai estabelecer. O dólar é flutuante. Portanto, ele vai flutuar de acordo com o mercado”, afirmou.
E, se Mantega elogiou o patamar do dólar, o presidente interino da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, achou que a moeda pode e deve subir ainda mais. Castro, que participou da cerimônia de abertura do 24º Fórum Nacional, no Rio de Janeiro, quando o dólar chegava a R$ 2, disse que o ideal para o comércio exterior brasileiro é R$ 2,20. “Nós não sabemos se ele vai se transformar em um dólar real porque ele hoje está nessa faixa em função da crise na Grécia, é uma cotação virtual. Mas, de qualquer jeito, é um avanço.”
» Inovação e inclusão
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, defendeu ontem, na abertura do 24º Fórum Nacional, no Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), a inovação como instrumento para o país conquistar padrões de renda e de qualidade de vida mais elevados, consistentes e sustentáveis. Coutinho disse que a inclusão das pequenas e médias empresas, muitas delas criativas, ajudará o país a crescer e a criar empregos de melhor qualidade, levando renda a um número maior de localidades, que precisam usufruir do crescimento e podem faze-lo de forma sustentável, em sintonia com o meio ambiente. “Temos uma agenda relevante de curto prazo para os próximos anos, que inclui a grande tarefa de concluir o processo de erradicação da pobreza extrema, uma prioridade fundamental do governo”, disse Coutinho.