Correio braziliense, n. 20165, 06/08/2018. Cidades, p. 17
DF tem recorde de candidaturas
Ana Viriato e Alexandre de Paula
06/08/2018
POLÍTICA » O Distrito Federal terá o maior número de candidatos ao governo desde a conquista da autonomia política da capital. Ao fim do prazo das convenções, foram formadas 12 chapas, que reúnem 35 diferentes partidos
As eleições do Distrito Federal terão, neste ano, um número recorde de candidaturas ao Palácio do Buriti desde a conquista da autonomia política. Em 17 dias de convenções partidárias, dirigentes e caciques políticos lançaram 12 nomes à disputa pelo comando do Executivo local — quatro a mais que em 2002, pleito com a maior pulverização da história da capital, quando oito pessoas entraram no páreo. Três partidos oficializaram, ontem, os últimos concorrentes: o advogado Ibaneis Rocha (MDB), o economista Júlio Miragaya (PT) e o bancário Renan Rosa (PCO). Agora, eles darão os passos finais estabelecidos pela legislação eleitoral para colocar, a partir de 16 de agosto, as campanhas nas ruas.
Com a bênção do ex-vice-governador e presidente licenciado do MDB, Tadeu Filippelli, Ibaneis confirmou seu nome na disputa com direito à divulgação do jingle e distribuição de folders e adesivos. Com acordos firmados na reta final, o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) uniu seis partidos em torno da candidatura: MDB, PP, Avante, PPL, PSC e PSL. As legendas acumulam 2 minutos e dois segundos a cada bloco de nove minutos de propaganda eleitoral na rádio e na tevê, transmitidos a partir de 31 de agosto, às segundas, quartas e sextas-feiras.
O candidato a vice-governador da coligação é Paco Britto, presidente regional do Avante. O empresário Paulo Octávio (PP) ficou com uma das vagas ao Senado. Ele havia desistido de concorrer devido à insegurança jurídica, pois renunciou ao mandato após a Operação Caixa de Pandora — condição que o deixou inelegível por oito anos. Mas voltou atrás e tentará obter o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A mulher do ex-vice-governador, Anna Christinna Kubitschek, cotada nas últimas semanas para ser a número dois da chapa, não participará do pleito.
Apesar de compor a chapa de Ibaneis desde a escolha do nome do advogado, em 27 de julho, o PP também negociava com o DEM, presidido pelo candidato ao GDF Alberto Fraga. As conversas, no entanto, não avançaram. Presidente regional da legenda progressista, o deputado federal Rôney Nemer garantiu que a agremiação permanece ao lado de Tadeu Filippelli (MDB), de quem é amigo. O apoio foi oficializado em convenção, ontem, com a presença da maioria dos integrantes da coalizão.
O ex-procurador-geral do Trabalho João Pedro Ferraz dos Passos (PPL), candidato a senador, fecha a composição da chapa de Ibaneis. “Fiquei realizado de unir, na majoritária, pessoas que agregarão com conhecimentos sobre temas delicados: setor produtivo e trabalho”, disse o emedebista ao Correio. Na convenção, o advogado alegou que pretende “resolver os problemas que os políticos que estão aí não conseguiram resolver”. “Eles, como o atual governador, não mantiveram compromissos com a sociedade”, alfinetou.
Por outra chapa de centro-direita, o PSDB referendou o nome de Izalci Lucas ao Senado e reiterou o apoio a Alberto Fraga. “Nos enganaram por mais de um ano. Por isso, eu procurei uma pessoa com competência e, principalmente, com palavra para estarmos juntos”, justificou. O tucano se referiu à chapa capitaneada por Cristovam Buarque (PPS), que chegou a anunciá-lo como nome ao Buriti, mas recuou e optou por Rogério Rosso (PSD).
O grupo político de Izalci e Fraga conta, ainda, com o PR, do ex-governador José Roberto Arruda, e o DC, garantindo cerca de um minuto e 51 segundos de propaganda eleitoral. A coalizão ainda não havia definido o nome do vice-governador até o fechamento desta edição. A composição, porém, será oficializada hoje. Pela lei, com o término das convenções, dirigentes partidários têm um prazo de 24 horas para lavrar e publicar as atas em livro aberto, rubricado pela Justiça Eleitoral. Caso contrário, não participam das eleições.
Esquerda
No campo da esquerda, duas legendas lançaram candidaturas ontem. As siglas prometem fortalecer a defesa ao nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília. Em uma chapa puro-sangue, o PT oficializou o ex-presidente da Confederação Nacional de Economia Júlio Miragaya como sua aposta ao Buriti. A vice-governadoria ficou com a agricultora Cláudia Farinha. A corrida pelo Senado contará com o distrital Wasny de Roure e o advogado Marcelo Neves. Apesar de entrar no páreo sozinho, o partido petista terá um significativo tempo de propaganda eleitoral: um minuto e 5 segundos a cada bloco.
O nanico PCO colocou no páreo o bancário Renan Rosa. O servidor público Gilson Dobbin foi escolhido como vice-governador da chapa. Também funcionário público, Danilo Matoso Macedo concorrerá ao Senado. Ao Correio, Dobbin explicou que a campanha promoverá a tese da inocência de Lula. Nacionalmente, a legenda declarou apoio ao PT. “Lutar contra o golpe, pela liberdade de Lula e pela anulação do impeachment de Dilma. Essas são as nossas bandeiras”, disse. Devido à pequena estrutura, a agremiação terá menos de dois segundos na tela.
Pulverização
Total de candidatos ao governo por eleição, desde a autonomia política do DF:
2018 12
2014 5
2010 5
2006 6
2002 8
1998 6
1994 6
1990 5
Chapas definidas
Durante as convenções partidárias, período em que as siglas deliberaram sobre candidatos e coligações, 12 nomes foram lançados ao GDF. A partir de agora, apenas trocas pontuais podem ser realizadas, desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as aprove. Confira como ficaram as chapas:
PSB/Rede/PV/PCdoB
GDF: Rodrigo Rollemberg (PSB), governador do DF
Vice-governadoria: Eduardo Brandão (PV), ex-secretário de Meio Ambiente
Senado: Chico Leite (Rede), distrital, e Leila Barros (PSB), ex-secretária de Esporte e jogadora de vôlei
PSD/PPS/PRB/Podemos/Solidariedade
GDF: Rogério Rosso (PSD), deputado federal
Vice-governadoria: Egmar Tavares (PRB), pastor da Assembleia de Deus
Senado: Cristovam Buarque (PPS), senador, e Fernando Marques (Solidariedade), empresário da ramo farmacêutico
MDB/Avante/PP/PSC/PPL/PSL
GDF: Ibaneis Rocha (MDB), ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF
Vice-governadoria: Paco Britto (Avante), presidente regional da sigla
Senado: Paulo Octávio (PP), ex-vice governador e empresário, e João Pedro Ferraz dos Passos (PPL), ex-procurador-geral do Trabalho
Pros/PTB/PMN/PMB/PTC/Patriota/PHS
GDF: Eliana Pedrosa (Pros), ex-distrital
Vice-governadoria: Alírio Neto (PTB), ex-distrital
Senado: Indefinido até o fechamento desta edição
DEM/PSDB/PR/DC
GDF: Alberto Fraga (DEM), deputado federal
Vice-governadoria: Indefinido até o fechamento desta edição
Senado: Izalci Lucas (PSDB), deputado federal
PT
GDF: Júlio Miragaya, ex-presidente do Conselho Federal de Economia
Vice-governadoria: Cláudia Farinha, agricultora familiar
Senado: Marcelo Neves, advogado, e Wasny de Roure, distrital
PRP
GDF: Paulo Chagas, general da reserva do Exército
Vice-governadoria: Adalberto Monteiro, presidente regional do PRP
Senado: Fadi Faraj, pastor da Comunidade Cristã Ministério da Fé
PRTB
GDF: Paulo Thiago, major do Corpo de Bombeiros
Vice-governadoria: Elisafá Amorim, suboficial da Aeronáutica
Senado: Átila Lima, brigadeiro da Aeronáutica
Novo
GDF: Alexandre Guerra, herdeiro da rede Giraffas
Vice-governadoria: Erickson Blun, médico
Senado: Paulo Roque, advogado
PSol/PCB
GDF: Fátima Sousa (PSol), professora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (UnB)
Vice-governadoria: Keka Bagno (PSol), assistente social
Senado: Chico Sant’Anna, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas, e Marivaldo Pereira, auditor federal
PSTU
GDF: Antônio Guillen, professor da rede pública
Vice-governadoria: Eduardo Rennó, professor da rede pública
Senado: Robson Raimundo da Silva, professor da rede pública
PCO
GDF: Renan Rosa, bancário
Vice-governadoria: Gilson Dobbin, funcionário público
Senado: Danilo Matoso Macedo, funcionário público