Título: Reduções seguidas
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2012, Economia, p. 12
A crise econômica se refletiu mais uma vez sobre o mercado de trabalho brasileiro. Diante da invasão de produtos importados, sobretudo chineses, o emprego na indústria caiu 0,4% entre fevereiro e março, segundo recuo no ano. Em fevereiro, houve um avanço de 0,1%, e em janeiro, uma queda de 0,3%. Na comparação com março do ano passado, a redução foi de 1,2%, sexto resultado negativo seguido nesse confronto, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No confronto com março do ano passado, o número de trabalhadores sofreu redução em nove das 14 áreas pesquisadas. O pior resultado foi registrado em São Paulo, com queda de 3,2% no número de ocupados, principalmente por causa do mau desempenho dos setores de produtos de metal, metalurgia básica, têxtil, papel, plástico e vestuário.
Na Região Nordeste, a queda na ocupação foi de 2,4%. O resultado foi influenciado pelo recuo na produção nos setores de vestuário, calçados e couros e têxtil. Também se destacam Santa Catarina (-1,4%), Ceará (-3,2%) e Bahia (-3%). Por outro lado, Paraná (3,2%) e Minas Gerais (1,9%) apontaram os melhores resultados.
Para o pesquisador Fernando Abritta, do IBGE, o ritmo do emprego acompanha a perda de dinamismo da indústria nos últimos meses. "Há uma predominância de resultados negativos", afirmou. A produção industrial brasileira caiu 0,5% em março na comparação com fevereiro, após registrar recuo de 1,6% em janeiro e expansão de 1,3% em fevereiro. Ante março de 2011, a queda foi de 2,1%.
A perda no dinamismo se manifesta também no número de horas pagas aos trabalhadores. A queda foi de 1,2% ante fevereiro e de 1,5% com relação a março do ano passado. Para Abritta, isso sinaliza que a quantidade de pessoas ocupadas deve continuar caindo. "É um indicador. Antes de reduzir seu efetivo, geralmente as empresas diminuem as horas trabalhadas", explicou.