Julia Lindner
Leonencio Nossa
Titular da Casa Civil vai acumular direção interina do Ministério do Trabalho
O Palácio do Planalto confirmou, na noite de ontem, que o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, acumulará a função de ministro interino do Trabalho por tempo indeterminado. A nomeação de Padilha, antecipada pela Coluna do Estadão, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
Em outro ato, o presidente Michel Temer exonerou Helton Yomura, que pediu demissão do comando do ministério depois de ter sido afastado do cargo, pela manhã, por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin. “Diante das circunstâncias, e para evitar que o Ministério do Trabalho fique acéfalo, coloco o cargo à disposição para que delibere aquilo que melhor atenda ao interesse público”, escreveu Yomura ao presidente.
O governo, em uma decisão acertada com o próprio PTB, não pretende manter um nome indicado pelo partido, como era o caso de Yomura. Ele é considerado apadrinhado político do presidente nacional da legenda, Roberto Jefferson. O ex-deputado e sua filha, a deputada federal Cristiane Brasil (PTBRJ), foram alvo de fases anteriores da Registro Espúrio.
Ao Estadão/Broadcast, antes do anúncio de que assumiria a pasta do Trabalho interinamente, “sem prejuízo das atribuições do cargo que atualmente ocupa”, Padilha afirmou que o PTB colocou a vaga à disposição de Temer, que, segundo ele, aceitou o pedido e “vai buscar um novo nome” em definitivo.
Com o afastamento e posterior pedido de demissão de Yomura, a cúpula do governo tomou a decisão de substituí-lo provisoriamente por Padilha para evitar que o Ministério do Trabalho ficasse sem comando. Isso porque o posto de secretário executivo, que seria o sucessor natural do titular da pasta, também está vago.
Há pouco mais de um mês, o então número 2 da pasta, Leonardo Arantes, foi preso após ter a prisão preventiva decretada por Fachin na primeira fase da Registro Espúrio. Leonardo é sobrinho do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), líder do partido na Câmara e também investigado na operação. Ambos negam irregularidades.
Na manhã de ontem, Jefferson falou sobre a demissão de Yomura do ministério. “A Executiva Nacional do PTB coloca o Ministério do Trabalho à disposição do governo Michel Temer”, escreveu o ex-deputado no Twitter. Ele disse ainda que sua atuação “restringiu-se a apoio político ao governo para que o PTB comandasse a pasta”, mas negou participação em possíveis irregularidades.
Cautelares. A pedido da Procuradoria-Geral da República, ainda serão impostas aos alvos da terceira fase da Registro Espúrio medidas cautelares, como a proibição de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com os demais investigados ou servidores da pasta.
BAIXAS
● Ministros que deixaram o governo em meio a suspeita de irregularidades
Helton Yomura
Ministério do Trabalho
Alvo da Operação Registro Espúrio, que apura suspeita de fraudes na concessão de registros sindicais, foi afastado do cargo e pediu demissão.
Geddel Vieira Lima
Secretaria do Governo
Em novembro de 2016, se demitiu após ser acusado pelo ex-ministro Marcelo Calero de tê-lo pressionado para liberar uma obra. Atualmente, está preso por outro caso.
Fabiano Silveira
Ministério da Transparência
Em conversa com Sérgio Machado, ex-Transpetro, Silveira dá “conselhos” sobre a Lava Jato. Saiu em maio de 2016.
Henrique Eduardo Alves
Ministério do Turismo
Deixou o comando da pasta em junho de 2016, após vir a público informação de que contas secretas do emedebista no exterior foram identificadas.
Romero Jucá
Ministério do Planejamento
Também em maio de 2016, anunciou saída do cargo. Em diálogo com Sérgio Machado, Jucá sugere um “pacto” para barrar a Lava Jato.