Correio braziliense, n. 20162, 03/08/2018. Política, p. 2

 

Alckmin define o nome da vice

Antonio Temóteo

03/08/2018

 

 

Senadora Ana Amélia aceita entrar na chapa do tucano, mas condiciona união a acertos na composição do Rio Grande do Sul, onde seria candidata à reeleição. Na avaliação do ex-governador de São Paulo, a parlamentar agrega mais à campanha

O presidenciável Geraldo Alckmin conseguiu amarrar a senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice na chapa tucana. Ela, porém, condicionou a aliança à composição política no Rio Grande do Sul. A parlamentar seria candidata à reeleição e apoiava o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP) para o governo do estado, e faria palanque para o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ) concorrer ao Palácio do Planalto. A ideia agora é que Heinze dispute o Senado ou seja vice na chapa do ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB).

A aliança entre os dois, entretanto, não tem agradado aos caciques do PP e outros líderes do centrão — bloco formado por PP, DEM PRB, PTB e Solidariedade. Apesar de o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), negar que há divergências ou veto ao nome da senadora, correligionários afirmam que ela não tem qualquer entrosamento com a cúpula do partido. Ela era crítica à política econômica do PT, quando o partido fazia parte da base governista de Dilma Rousseff, e sempre adotou um perfil de independência em relação as orientações da legenda. “Em qualquer lugar que eu estiver, se eu não for independente, se eu não pensar e agir com as minhas convicções, não serve para mim”, afirmou a senadora.

Além disso, caciques do PP temem que o partido perca espaço em um eventual governo de Alckmin e afirmam que a escolha é da cota pessoal do candidato. Atualmente, a agremiação controla os ministérios da Saúde, da Agricultura, das Cidades e o comando da Caixa Econômica Federal. A escolha de Ana Amélia também é vista como uma ameaça para os líderes do partido, todos nordestinos. Além do presidente da agremiação, que é senador pelo Piauí, o paraibano Aguinaldo Ribeiro é o líder do governo na Câmara dos Deputados, e ao alagoano Arthur Lira comanda o PP na Casa. “Não há veto a ninguém. Qualquer nome agrada ao PP”, disse Nogueira.

Até a manhã de ontem, além de Ana Amélia, a vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho (PP), e o ex-ministro Aldo Rebelo (SD-SP) estavam entre os nomes mais cotados para disputar à vaga de vice na chapa de Alckmin. A decisão coube ao tucano, que avaliou que a parlamentar agregaria mais valor à chapa, por ser combativa no combate a corrupção.

Saúde

Além do imbróglio eleitoral no Rio Grade do Sul, Ana Amélia analisou seu estado de saúde antes de tomar uma decisão. Ela foi internada nesta semana com uma crise de hipertensão. Até o início desta semana, descartava ser vice na chapa de Alckmin. O convite oficial ocorreu em um encontro com o tucano na quarta-feira, no apartamento dele na capital federal. Além disso, ela recebeu um telefonema do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pedindo que aceitasse ser vice na chapa do tucano.

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Meirelles busca visibilidade

Deborah Fortuna

03/08/2018

 

 

Oficializado como candidato ao Planalto pelo MDB, Henrique Meirelles fez um discurso em que pedia a união de todos os brasileiros. Apesar de não atacar a atual gestão, o ex-ministro da Fazenda se coloca como alternativa para o eleitorado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também para os da atual gestão de Michel Temer. Durante a convenção do partido, o candidato disse que não há uma divisão entre aqueles que gostam ou não de Lula e Temer, mas “entre os que trabalham e os que não trabalham quando o Brasil precisa”.

Segundo o ex-ministro, ele teria sido o responsável pelas melhorias econômicas nos dois governos, MDB e PT. “Eu não hesitei em assumir e levar o Brasil a crescer. E as pessoas se lembram daquela época. É uma questão apenas de informar às pessoas que era eu quem estava à frente, que eu quem conduzi”, assegurou. Para o candidato, houve um crescimento na economia em apenas dois anos à frente do Ministério da Fazenda durante o governo

O ex-ministro também alfinetou adversários políticos ao dizer que o país não precisava de um “messias, que veste uniforme de salvador da pátria, um líder destemperado tratando o país como um latifúndio ou eternos candidatos à presidência da República”. A convenção partidária ocorreu na manhã de ontem e validou a candidatura de Meirelles com 85% de aprovação dos convencionais. No fim da tarde, em evento da sigla, o PHS confirmou o apoio à candidatura do ex-ministro ao Planalto.

Questionado sobre o cargo de vice, no entanto, Meirelles se esquivou da pergunta ao dizer o partido “não está discutindo nomes ainda”. A expectativa do presidente nacional do MDB, o senador Romero Jucá (PR), é de que a decisão venha até a próxima segunda. Presente na convenção, o presidente Michel Temer elogiou a decisão do partido, ao lembrar feitos.