O globo, n. 31070, 31/08/2018. Colunas, p. 5
A pressa do TSE e o alívio de Haddad
Bernardo Mello Franco
31/08/2018
O Tribunal Superior Eleitoral nunca teve tanta pressa. A Corte marcou uma sessão extraordinária para a sexta-feira, dia que os ministros costumam dedicar ao ócio e a contemplação. Eles vão sacrificar o repouso em nome de uma causa: julgar o registro de Lula antes do início do horário eleitoral.
Seguido o script, o ex-presidente será oficialmente afastado da disputa. O PT terá que suspender o teatro e oficializar o que todos já sabem: Fernando Haddad é o verdadeiro candidato ao Planalto. Daqui até a eleição, sobram 37 dias corridos. Este será o prazo do partido para operar o milagre da transferência de votos.
Em 2010, Lula conseguiu eleger a desconhecida Dilma Rousseff. Estava solto, saboreava o auge da popularidade e podia correr o país em campanha.
Oito anos depois, seu desafio e repetir a dose de dentro da cadeia. A depender dos juízes de Curitiba, sem direito a gravar para a propaganda de TV.
Haddad começou a campanha há duas semanas em estilo tímido, apresentando-se como o “vice do Lula”. Batido o martelo no TSE, poderá pedir votos como presidenciável. Será um alívio para quem manifestava, em conversas reservadas, o receio de que a encenação já estava indo longe demais.
Amanhã o candidato vai a Garanhuns e Caetés, terra de Lula. Em público, o ex-prefeito já começou a modular o discurso. Ontem ele disse, em Curitiba, que os brasileiros querem “a volta do modo petista de governar”. Sua fala foi abafada por sirenes da Polícia Federal. A série de entrevistas do Jornal Nacional mostrou como os presidenciáveis dizem o que querem sobre os fatos, sobre os aliados e sobre si próprios.
Ciro Gomes assegurou que o presidente do seu partido não era réu. Ele e. Jair Bolsonaro praguejou contra um livro que teria sido distribuído pelo MEC. Nunca foi. Geraldo Alckmin garantiu que os líderes do PCC não dão ordens das prisões. Imagine se dessem. Marina Silva declarou: “Se tem uma pessoa que assume posições, sou eu”. Pois é...
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Número de candidatos trans e travestis é 10 vezes maior
31/08/2018
Cinquenta e dois candidatos trans e travestis concorrem a um cargo no Congresso nas eleições deste ano. O número é dez vezes maior do que em 2014, segundo levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), organização que reúne 127 instituições que promovem ações afirmativas ligadas a causa LGBTI no país. O aumento vem na esteira de duas decisões do Judiciário que possibilitaram alteração para o nome social e identificação de gênero de eleitores e candidatos transexuais e travestis.