Título: Caderneta em alta
Autor: Bonfanti, Cristiane; Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2012, Economia, p. 10

Novos dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC) comprovam que houve uma corrida dos investidores para a caderneta de poupança nos dias que antecederam as mudanças no cálculo do rendimento da mais tradicional aplicação financeira do país. Nos dias 2 e 3 deste mês, os depósitos superaram as retiradas em R$ 1,8 bilhão, o dobro do verificado no mesmo período de maio de 2011 e quase cinco vezes mais que nos dois primeiros dias de abril. Com isso, esses investidores garantiram o rendimento mais gordo que essa poupança "antiga" vai passar a oferecer com a queda da taxa Selic, provavelmente a partir do final do mês.

É que as contas abertas ou depósitos feitos desde o último dia 4 estão sujeitos à nova forma de cálculo da rentabilidade anunciadas pelo governo no início da noite do dia anterior. Esses valores passarão a render o correspondente a 70% da taxa Selic, mais a variação da Taxa Referencial de Juros (TR), sempre que os juros básicos definidos pelo BC passarem a 8,5% ao ano, o que deve acontecer no final deste mês. Os saldos existentes até dia 3 continuam recebendo ganho de 0,5% fixo ao mês (6,17% ao ano) mais a TR.

Na sexta, dia 27, e na segunda, dia 30, a captação líquida — depósitos menores resgates — da poupança chegou a R$ 1,9 bilhão, contribuindo para que abril fechasse com saldo positivo no mesmo valor. É o melhor resultado para o mês de abril desde 2007 e o segundo maior desde o início da série do BC, em 1995.

Selic Com a Selic a 8,5% ao ano, a poupança antiga vai garantir rendimento em torno de 6,7%, enquanto os novos depósitos receberão em torno de 6,5%. Quanto mais a Selic cair, mais vantajosa fica a caderneta "velha". Isso a torna melhor investimento que a maioria dos fundos de renda fixa, até mesmo aqueles que pagam taxas melhores para quem tem muito dinheiro aplicado, na casa do R$ 1 milhão. Para analistas de investimentos, muitos aplicadores correram para a poupança nos últimos dias anteriores às alterações porque o governo já vinha sinalizando que ia preservar a regra de rendimento dos depósitos já feitos.

No ano, até o dia 3, a poupança já recebeu R$ 5,9 bilhões a mais de depósitos que saques. No mesmo período do ano passado, esse resultado era negativo, com retiradas maiores que aplicações em R$ 970 milhões.