Título: Os conselhos do BC para mudar de banco
Autor: Bonfanti, Cristiane; Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2012, Economia, p. 10

Alexandre Tombini lança documento para facilitar a vida financeira do brasileiro e um serviço 0800 a fim de esclarecer dúvidas

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi enfático ontem na defesa do crédito a taxas de juros reduzidas ao consumidor, da nova caderneta de poupança e da portabilidade, que permite a troca de um banco por outro em busca de taxas e tarifas menores. Em evento no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Tombini divulgou um boletim publicado em parceria com o Ministério da Justiça, que dá orientações ao consumidor que pretende renegociar dívidas. Mais: anunciou o número 08009792345 para que todos possam sanar dúvidas.

No boletim, são listadas dicas para simplificar a vida do brasileiro, de forma a evitar o risco de inadimplência. Tombini revelou que a autoridade monetária prioriza três linhas de ação para aperfeiçoar a inclusão financeira do brasileiro aos produtos bancários: a identificação da demanda, o aprimoramento do marco regulatório e a promoção da educação financeira com transparência.

Tombini destacou a importância dos correspondentes bancários, que prestam serviços aos municípios sem instituição financeira, presentes em 5.565 municípios do país, e as cooperativas de crédito. Outra %u201Cpeça fundamental%u201D, segundo ele, para o atendimento a setores específicos, especialmente na operação com crédito rural. O impulso de cooperativas, correspondentes e os diferentes canais de autoatendimento fez com que o número de pessoas com conta bancária aumentasse 31% nos últimos cinco anos, e hoje 121 milhões de brasileiros, ou 84% da população adulta do país, têm acesso a algum banco.

Ele evitou entrar em confronto direto com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), mas fez questão de ressaltar mecanismos pelos quais a população de baixa renda possa obter crédito. No documento distribuído, está citada o Código de Defesa do Consumidor ao qual se pode recorrer. Ele deixou claro ainda que a portabilidade é assunto na pauta do governo, como indica o documento ao lembrar que a lei possibilita ao consumidor a liquidação antecipada de débitos, total ou parcialmente, mediante a redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

Portabilidade O próximo avanço programado pelo governo é em relação a portabilidade, o tema começa a ganhar espaço nos debates da equipe econômica e deve ser aprimorado. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), defendeu, ontem, novas regras para a portabilidade. %u201CEla é importante porque se o usuário ou cliente puder fazer essa portabilidade, aí verdadeiramente ocorrerá a concorrência. Mas os bancos têm criado obstáculos não só para a portabilidade, que é prevista em lei, mas também para que as novas taxas de juros sejam acessadas pelo o usuário comum%u201D, alertou o senador.

recisa fazer com que o aumento da concorrência se encarregue de desencadear a queda nas taxas de juros bancárias. %u201CO Banco do Brasil e a Caixa Econômica já reduziram alguns juros e a tendência é que eles reduzam ainda mais%u201D, observou. %u201CSe houver um novo corte na taxa Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) no fim deste mês, vai haver uma pressão cada vez maior para que os bancos privados se reposicionem%u201D, avaliou Braga.

Ranking A autoridade monetária divulgou ainda o ranking de juros praticados pelo mercado, um dado que mostrou que apesar das reduções agressivas anunciadas por Banco do Brasil e Caixa Econômica, outras instituições praticam taxas menores.

O período da pesquisa foi de 19 a 25 de abril, após o início da primeira rodada de redução de juros de Caixa e BB, em meio aos esforços do governo para tentar forçar a queda dos spreads, a diferença entre o preço que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram de clientes. Numa das linhas divulgadas pelo BC, a de conta garantida, o BB aparece na trigésima posição num ranking com 38 instituições. No cheque especial para pessoas físicas, a melhor taxa mensal colhida pelo BC foi a do Banco Prosper, de 2,11% ao mês. A pior, foi a do Santander Brasil, em 10,34% ao mês.

Bancos de montadoras ofereceram as cinco melhores taxas para financiar a compra de veículos, à frente do BB. O ranking não leva em conta as demais rodadas de redução.

Uma princesa informada

A princesa dos Países Baixos, Máxima Zorreguieta Cerruti, não ouviu a exposição do presidente do BC no Sebrae calada, disse que, embora o Brasil seja um exemplo no mundo no que diz respeito à inclusão ao sistema financeiro, ainda há barreiras a serem superadas. Entre elas está a formalização das micro e pequenas empresas, para que seus empregados tenham acesso ao sistema bancário. "Cerca de 12 milhões de pequenas e médias empresas no Brasil ainda são informais. Sabemos que o processo de formalização vem ocorrendo de forma rápida, o que promove o acesso", disse demonstrando conhecimento da realidade brasileira. Ela observou também que, hoje, 40% dos brasileiros não têm uma conta formal. "Além disso, 30% de quem tem conta corrente a utiliza apenas para receber ou sacar o salário completo. Ela deu munição para a guerra contra os bancos e os juros altos, bandeira que a presidente Dilma Rousseff encampou neste que é um ano eleitoral.