Título: Uma nova eleição
Autor: Franco, Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2012, Economia, p. 14

Após votar maciçamente contra os partidos responsáveis pelo socorro financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE) no domingo, os gregos dizem estar preparados para fazer tudo de novo, caso seja preciso repetir a eleição no mês que vem, como parece praticamente certo.

Os dois partidos que dominaram a Grécia durante décadas e negociaram um pacote de socorro de 130 bilhões de euros receberam apenas 32% dos votos na eleição de domingo; o restante dos gregos optou por partidos marginais que se opõem ao socorro financeiro. Os políticos praticamente não mostram sinais de serem capazes de formar juntos um governo, o que significa que uma nova eleição deverá ocorrer em três ou quatro semanas.

A confusão política tem alimentado especulações de que a Grécia possa sair da Zona do Euro, caso a indefinição persista. Nas ruas de Atenas, os gregos dão demonstração de que votariam novamente em protesto contra as medidas de austeridade. Eles afirmam nos noticiários e nas redes de rádio e de televisão que querem ter certeza de que a mensagem deles seja ouvida na Grécia e na Europa: desejam permanecer com o euro, mas não querem mais sofrimento. As medidas de auteridade encontram resistente pressão popular em todas as cidades.

Os partidos Nova Democracia (conservador) e Movimento Socialista Pan-Helênico — Pasok (socialista) se alternam no governo da Grécia desde a queda da junta militar em 1974. No ano passado, a apenas algumas semanas da bancarrota, eles formaram uma coalizão e negociaram juntos um socorro financeiro de 130 bilhões de euros com FMI e UE.