Título: Grécia e Espanha na berlinda
Autor: Franco, Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2012, Economia, p. 14

Dificuldades enfrentadas pelos dois países colocam em xeque o poder da Zona do Euro em driblar dificuldades

O discurso firme do líder da Esquerda Radical, Alexius Tsipras, de que as eleições no país tornaram nulos os acordos de austeridade em troca de recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia abalou negativamente as bolsas. Tsipras, dono da segunda maior votação, tem prazo até amanhã para formar um gabinete e assumir o posto de primeiro-ministro da Grécia. O partido conservador Nova Democracia, vencedor do pleito, não logrou resultado na busca por aliados para governar o país, ainda que em entendimentos com os socialistas do Pasok— terceira maior força política.

O fato de os líderes da Esquerda Radical terem buscado contato com o novo presidente francês François Hollande, que assume o poder na próxima semana, incendiou os indicadores de mercado pela manhã.

Para acalmar os ânimos, representantes dos países que integram a Zona do Euro decidiram liberar 4,2 bilhões de euros em emergência para a Grécia, dos quais 3 bilhões até 10 de maio e o restante até julho. O anúncio de Bruxelas, sede da União Europeia, não foi suficiente, pois o mercado se mostrou avesso a riscos e ainda ensaiou fuga dos papéis da Espanha, que enfrenta uma crise bancária sem precedentes causada por bolha imobiliária.

A inadimplência levou algumas instituições a pedir socorro ao governo.

Nem uma entrevista dada pela primeira-ministra alemã, Angela Merkel, afirmando que fará esforços para manter a Grécia no bloco, trouxe alento.Merkel afirmou que quer a permanência da Grécia na Zona do Euro, "mas o país tem que aderir aos termos de resgate internacional". Ao jornal Passauer Neue Presse, foi clara: "Ainda é o caso de que os acordos com a troika (grupo formado por UE, FMI e Banco Central Europeu) e as metas de reforma sejam cumpridos. Só assim podemos imaginar o retorno da Grécia à estabilidade e ao fortalecimento econômico".

O sonho madrilhenho

Madri não vai sair do processo de escolha da sede das Olimpíadas de 2020, apesar de a Espanha ter entrado em recessão no final do mês passado, afirmou ontem a presidente de relações internacionais da candidatura, Theresa Zabell. A Espanha está sob intensa pressão de seus pares europeus para acelerar sua economia — a quarta maior da Zona do Euro —, reduzir o enorme deficit público e corrigir um sistema bancário golpeado pela fraqueza econômica nos últimos quatro anos e pelo estouro da bolha imobiliária. A capital italiana, Roma, também tinha se candidatado para sediar as Olimpíadas de 2020, mas o governo desistiu em fevereiro. "Madri não tem absolutamente nenhuma intenção de voltar atrás na candidatura para os Jogos. Não vamos ser uma segunda Roma", disse Thereza. O Comitê Olímpico Internacional (COI) escolherá a candidatura vencedora em setembro de 2013, na Argentina.