Título: Mundo corre para o dólar
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2012, Economia, p. 15

Diante das incertezas causadas pelas eleições na Grécia e na França, os investidores promoveram uma corrida rumo ao dólar em todo o mundo. Com receio de as bolsas derreterem ainda mais, a maioria se desfez de aplicações e optou por ficar com dinheiro em espécie no caixa. Essa estratégia, entretanto, levou a moeda norte-americana a uma valorização frente as principais moedas. No Brasil, a alta foi de 1,23%, a divisa fechou o pregão cotada a R$ 1,962, próximo da sua máxima desde julho de 2009, quando havia ficado em R$ 1,970. A Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) seguiu trajetória contrária, tombou 0,96% e terminou o dia aos 59.786 pontos.

"O mercado acompanhou religiosamente o mercado internacional hoje", afirmou o operador de câmbio da Interbolsa Ovídeo Pinho Soares. Os investidores seguem receosos de olho nos acontecimentos na Europa.

Bolsas Nesse cenário reduziram expressivamente as apostas em investimentos mais arriscados e as bolsas derreteram mundo afora. Xangai registrou 1,65% de perda, Tóquio encolheu 1,49%. Na Europa, o mercado que mais sofreu com o sentimento de desconfiança foi Madri, que amargou perdas de 2,77%. Londres também foi contaminada pelo pessimismo e despencou 0,44%. Apenas Frankfurt, avaliado como mercado mais seguro do planeta em meio à crise, ficou fora desse movimento e obteve ganho de 0,47%. Nos Estados Unidos, Nova York perdeu 0,75%.

Em meio às incertezas, ainda durante a tarde de ontem, o Comitê do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF, na sigla em inglês) concordou em desembolsar a parcela de 5,2 bilhões de euros à Grécia. A decisão ocorreu para tentar diminuir a tensão no mercado financeiro, apesar da oposição de integrantes da Zona do Euro.

No Brasil a divisa norte-americana ainda se elevou frente ao real devido ao menor ingresso de capital estrangeiro no país. Segundo dados do Banco Central, entre 1º e 4 de maio, a diferença entre os recursos que entraram e saíram deixou um saldo negativo de US$ 1,7 bilhão. Se o dólar continuar a subir, analistas acreditam que a autoridade monetária pode começar a intervir no mercado vendendo dólares. A cotação, embora elevada, não chegou a assustar, pois o mercado já esperava essa cotação, que pode servir de estímulo às exportações brasileiras, como deseja o governo. Há quem aposte, no entanto, que, se a cotação subir acima do patamar de R$ 2,00, as intervenções sejam diárias. Até aqui, disse um analista, o mercado está testando o valor considerado ideal pelo BC, dentro da sua política de reduzir juros no mercado interno.