Título: Diabetes em ascensão no DF
Autor: Oliveira, Sheila
Fonte: Correio Braziliense, 10/05/2012, Cidades, p. 28

Mais de 115 mil pessoas sofrem da doença na capital do país, segundo estudo realizado pelo Ministério da Saúde

Estudo do Ministério da Saúde revela que 4,7% da população do Distrito Federal —117,5 mil pessoas — convive com o diabetes dos tipos 1 e 2. É a maior taxa desde 2007. Os dados fazem parte da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico de 2011 (Vigitel), realizada nas 27 unidades da Federação e divulgada ontem durante o Fórum Pan-Americano de Ação contra as Doenças Crônicas não Transmissíveis. O levantamento aponta que a prevalência da doença é maior entre as mulheres do que nos homens — 54 mil responderam às perguntas. Para especialistas da área de saúde, o desempenho da capital federal é satisfatório e pode estar relacionado à idade da população, à escolaridade e às condições socioeconômicas. "O DF possui uma população relativamente jovem e com alto grau de estudo. A renda elevada das famílias contribui para a alimentação balanceada, com a presença de frutas e verduras, e a prática de exercícios físicos", explica a diretora de Análise de Situação em Saúde do Ministério da Saúde, Deborah Malta.

Segundo ela, a prevenção é considerada a melhor ferramenta de combate ao mal. "Vários fatores contribuem para o aparecimento da doença, entre eles a obesidade, o sedentarismo, a hipertensão e o tabagismo. Esse quadro tem levado ao crescimento do diabetes tipo 2 na população brasileira, que é adquirido por meio dos hábitos não saudáveis", observa Deborah.

Segundo a doutora em doenças da saúde e professora da Universidade de Brasília (UnB) Jane Dullius, o DF é referência no tratamento no país. "A rede pública dá suporte necessário para os cuidados do diabético. As pessoas têm acesso aos remédios e à orientação médica para evitar complicações, mas é necessário investir em educação para evitar a ocorrência de mais casos na população", explica a especialista. Ela coordena um grupo de acompanhamento de pessoas com diabetes no DF desde 2001, intitulado Doce Desafio.

A iniciativa reúne, em média, 120 pessoas com diagnóstico de pré-diabetes e diabetes dos tipos 1 e 2, atendidas por estudantes de educação física, nutrição, farmácia, enfermagem e fisioterapia. "Nos reunimos três vezes na semana para trocar experiências, fazer exercícios físicos, conhecer os tratamentos e a legislação existentes em relação aos diabéticos", diz Jane. Os encontros são gratuitos e acontecem na Faculdade de Educação Física da UnB.

A dona de casa Roseny Fernandes, 50 anos, diagnosticada com pré-diabetes, participa do Doce Desafio há cinco anos. "Consegui normalizar a minha taxa de glicose no sangue e a de hipertensão por meio das atividades físicas realizadas pelo grupo. Aprendi a comer de tudo, inclusive doce, mas de forma que não prejudique o meu corpo", comemora.