O globo, n. 31065, 26/08/2018. País, p. 6

 

Nos maiores colégios eleitorais, o desafio de Ciro

Fernanda Krakovics

26/08/2018

 

 

Em São Paulo e Rio, presidenciável do PDT apoia candidatos a governador pouco competitivos; em Minas, a campanha está atrasada, depois que Marcio Lacerda desistiu da disputa na semana passada e foi substituído por Adalclever Lopes (MDB)

Nos três maiores colégios eleitorais do país — São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro — o candidato do PDT à Presidência , Ciro Gomes, tem estruturas pouco competitivas ou problemáticas. Em São Paulo, o partido lançou o ex-prefeito de Suzano Marcelo Candido depois que a possibilidade de aliança nacional com o PSB foi por água abaixo. Ele ia ser vice na chapa do governador Márcio França (PSB), que disputa a reeleição. Candido apareceu com 1% de intenção de voto em pesquisa Ibope divulgada na semana passada. Em Minas, o PDT apoiava Marcio Lacerda (PSB), que retirou a candidatura na última terça-feira em meio a uma briga judicial com a direção nacional de seu partido. A coligação decidiu, na última quinta-feira, lançar em seu lugar o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes (MDB). Já no Rio, o candidato de Ciro é o deputado estadual Pedro Fernandes (PDT), que tem 2%, segundo pesquisa Ibope divulgada na semana passada. Candidatos a governador costumam ser cabos eleitorais dos presidenciáveis nos estados, mas, diante da fragilidade desses palanques, o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que trabalha com a lógica inversa:

— Por que o candidato a presidente não pode puxar votos para governador? No cenário sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro registrou 9% no Ibope, na semana passada. Em São Paulo, ele tem 8% e no Rio, 10%, de acordo com o mesmo instituto. Para integrantes da campanha de Ciro, esses candidatos a governador podem se transformar em uma alternativa para o eleitorado. E, no caso de Marcelo Candido e de Pedro Fernandes, como são pouco conhecidos, teriam potencial de crescimento. Eles ressaltam ainda que Suzano, administrada duas vezes pelo ex-petista Marcelo Candido, está entre as 30 maiores cidades de São Paulo.

Em entrevista ao programa Radar de Notícias, da TV Guarulhos, na última terçafeira, Ciro reconheceu que Candido tem dificuldade de se tornar conhecido, mas defendeu seu nome como uma alternativa:

— Aqui em São Paulo tem 24 anos que é o mesmo partido que manda (PSDB). Na semana passada, o presidenciável do PDT fez campanha em Guarulhos e em Osasco. As duas cidades, na Região Metropolitana de São Paulo, já fizeram parte do “cinturão vermelho” do PT. Em Minas, o palanque de Ciro enfrenta problemas. Ao se retirar da disputa, Marcio Lacerda afirmou que a insegurança jurídica em torno de sua candidatura enfraquecia sua campanha. O diretório nacional do PSB sepultou a candidatura do mineiro e ficou neutro na eleição presidencial em troca da retirada de Marília Arraes da disputa pelo governo de Pernambuco. Ela ameaçava a reeleição de Paulo Câmara (PSB). O presidente do PDT de Minas, deputado Mário Heringer, disse que Adalclever Lopes (MDB), substituto de Lacerda na disputa, abrirá seu palanque para Ciro: —Sem dúvida. Inclusive o tempo de TV será dividido para o PDT fazer a campanha do Ciro.