O globo, n. 31062, 23/08/2018. País, p. 7

 

Bolsonaro não deve mais participar de debates

Roberto Maltchik

23/08/2018

 

 

Decisão foi anunciada pelo presidente do PSL, Gustavo Bebianno; campanha de deputado federal sustenta que eventos se transformaram em uma ‘farsa’ com ‘hipocrisia’; em junho, candidato afirmou que iria a todos os encontros com os adversários

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) não deve participar mais dos debates da campanha à Presidência, mesmo depois de ter assegurado, em junho, que estaria presente em todos os eventos. A informação é do presidente do PSL, Gustavo Bebianno. Segundo ele, os debates se transformaram em uma “farsa”, na qual é impossível aprofundar qualquer proposta.

Bebianno afirmou que a direção da rádio Jovem Pan, emissora onde ocorrerá o próximo debate, na segunda-feira, já foi informada da decisão. O presidente do PS L, contudo, deixou uma porta aberta para, eventualmente, participar de “um ou outro” debate.

— Não tem como se aprofundar em nada. Ali, todo mundo é dono da verdade. Fica um exercício de concisão que não tem sentido algum. O Bolsonaro é um candidato diferente. É tudo mentira. É ridículo. Por isso, infelizmente, tomamo sessa decisão—afirmou Bebianno.

O presidente do PSL negou que o o confronto direto entre Bolsonaro e Marina Silva (Rede), no último debate, realizado pela Rede TV! na sexta-feira passada, tenha pesado na decisão. No embate com Marina, ele foi questionado sobre a diferença salarial entre homens e mulheres.

—Não tem relação. Mas esse episódio é aprovada hipocrisia em que os debatesse transformaram. A Marina falou uma coisa no debate, mas, em outra entrevista, falou outra.A Marina estava na minha frente. Estava tremendo, morrendo de medo.

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Candidato leva vantagem sobre Marina entre evangélicos

Daniel Gullino

23/08/2018

 

 

Na disputa de 2014, candidata tinha a preferência desse segmento do eleitorado

Líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, tem vantagem maior sobre a segunda colocada, Marina Silva (Rede), quando são considerados apenas os eleitores evangélicos. Bolsonaro passa de 20% junto ao público geral para 26% nesse segmento, de acordo com dados da pesquisa do Ibope divulgada na segunda-feira. Marina tem 12% entre os evangélicos, o mesmo percentual que registra no público geral. Bolsonaro e Marina são evangélicos.

Em 2014, na véspera do primeiro turno das eleições presidenciais, Marina (então no PSB) tinha 33% das intenções de voto entre os evangélicos, segundo o Ibope. Era a única que crescia nesse segmento. No público geral, ela marcava 21%. Dilma Rousseff (PT) alcançava 40% entre os evangélicos e 32% no total. Já Aécio Neves (PSDB) passava de 24% para 21% na comparação.

Na semana passada, durante o debate presidencial da RedeTV!, Bolsonaro e Marina discutiram sobre o tema. Ele afirmou que há uma contradição no fato de a adversária ser evangélica e, ao mesmo tempo, defender um plebiscito para discutir a legalização do aborto e das drogas. Marina rebateu, condenando Bolsonaro por ensinar uma criança a imitar, com as mãos, uma arma. A candidata da Rede ainda acrescentou que o Estado é laico.

Geraldo Alckmin (PSDB) é o terceiro colocado entre os evangélicos, com 7%, mesmo número que tem no eleitorado geral. Ciro Gomes (PDT) passa de 9% no geral para 6% entre os evangélicos, enquanto as intenções de voto em Fernando Haddad (PT) — provável substituto de Lula —variam de 4% para 2%.

Em sua pré-campanha, Henrique Meirelles (MDB) participou de vários eventos evangélicos para se tornar mais conhecido junto a esse eleitorado, mas permanece com 1%. O mesmo ocorre com Cabo Daciolo (Patriota), que professa forte discurso religioso.

ELEITORADO CATÓLICO

O cenário é semelhante entre os católicos. Bolsonaro tem um percentual menor, 17%, mas ainda assim permanece na liderança. Marina é a segunda colocada, com 12%, e Ciro Gomes (PDT) chega a 10%. Alckmin tem 8% e Haddad, 3%. Quando o ex-presidente Lula é incluído na pesquisa, ele lidera entre os evangélicos (39%) e católicos (52%). O petista, no entanto, ainda terá pedidos de indeferimento de sua candidatura julgados pelo TSE.