O globo, n. 31061, 22/08/2018. País, p. 10

Decisivas, mas longe do protagonismo

Igor Mello

Luisa Valle

22/08/2018

Número de candidatas mulheres caiu desde 2014

São elas que vão decidir a eleição, mas as mulheres ainda estão longe de uma posição de protagonismo no cenário político do país. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 30,7% das candidaturas registradas nesta eleição são de mulheres, abaixo do percentual de 2014, quando 31,1% dos candidatos eram do sexo feminino. Nos cargos majoritários —presidente, governadores e senadores —o percentual é ainda mais baixo: 16%.

As candidatas aos cargos de governador são minoria: 14%. Por outro lado, as mulheres que aparecem como vice somam cerca de 36%. O número maior, no entanto, seria uma tática dos partidos para cumprir a cota de 30% de candidatas mulheres para garantir o repasse obrigatório do fundo eleitoral.

Os estados que aparecem com o menor número de candidatas são Paraná e Tocantins. Ambos só possuem o registro de 17 mulheres, número significativamente menor do que o das candidaturas femininas em São Paulo, primeiro colocado, com 1.175 registros.

As mulheres também ficam em desvantagem quando o recorte é feito pelos partidos. Nem mesmo no Partido da Mulher Brasileira (PMB) elas são maioria. Segundo o TSE, foram 39% de registros pela legenda, que possui a maior presença feminina. O PSL de Jair Bolsonaro, que enfrenta resistência entre o eleitorado feminino, tem o menor percentual de candidatas, apenas 28%.

—Historicamente, todos nós sabemos que a mulher nunca teve esse espaço garantido no período eleitoral. Até hoje nós sentimos essa grande falta. As próprias instituições não respeitam o papel da mulher —afirmou Suêd Haidar, presidente nacional do PMB. —Lançamos proporcionalmente 40% de candidatas. Mas, até construir isso, é uma caminhada árdua.

Na segunda-feira, a presidente do TSE, ministra Rosa Weber, afirmou que as mulheres são sub-representadas na política brasileira. Ela chamou a atenção para o uso de candidaturas “laranjas”, que foram constatadas em anos anteriores.