Título: Ex-ministro sofre atentado à bomba
Autor: Londoño, Fernando
Fonte: Correio Braziliense, 16/05/2012, Mundo, p. 17

Um atentado contra o ex-ministro do Interior Fernando Londoño deixou pelo menos cinco mortos e 32 feridos, inclusive o político, destruiu sete carros e deu o tom de um dia tumultuado em Bogotá. A capital da Colômbia foi agitada ainda por uma tentativa de ataque ao comando da polícia, onde um carro-bomba foi desativado, e por confrontos entre policiais estudantes universitários. Londoño foi levado para um hospital com ferimentos no tórax e nos tímpanos e um traumatismo craniano leve, mas ele próprio fez questão de dizer que estava em boas condições. As autoridades apontaram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como responsáveis pelos ataques à capital e o presidente Juan Manuel Santosdeclarou que seu governo e a sociedade "não se deixarão intimidar" pelo terrorismo.

O ex-ministro do Interior é encaminhado ao hospital: ameaças das Farc

Londoño ocupou o cargo entre 2002 e 2004, no primeiro mandato de Álvaro Uribe, antecessor imediato de Santos, e foi personagem central da política de guerra total à guerrilha, em especial contra o terrorismo urbano. Tinha recebido ameaças da guerrilha e se deslocava em carro blindado, como parte de um reforçado esquema de proteção. "A suspeita é de que uma bomba tenha sido afixada com ímãs à porta lateral do veículo, o que explicaria a morte rápida de um dos integrantes da escolta. É um tipo (de artefato) que eu nunca tinha visto", afirmou o diretor da Unidade Nacional de Proteção, Andrés Villamizar. A pista mais concreta sobre a autoria do atentado, até a noite de ontem, era um vídeo que mostrou um homem moreno instalando o dispositivo, momentos antes da explosão, ocorrida por volta das 11h (13h em Brasília). Santos visitou o ex-ministro no hospital e disse que está comovido com a morte de dois guarda-costas que acompanhavam Londoño.

"Quero condenar da forma mais enérgica esse atentado. Não entendemos qual é o seu propósito, mas tenham a absoluta certeza de que o governo não vai se deixar desestabilizar por esses atos terroristas", frisou o presidente, que cancelou uma viagem a Cartagena, no litoral do Caribe, e reuniu-se com a cúpula militar e policial. "Não vão nos intimidar de forma alguma, ao contrário: isso nos enche de coragem para seguir adiante", continuou. O governo anunciou prontamente uma recompensa de 100 milhões de pesos (cerca de R$ 100 mil) para quem der informações sobre os autores e os mentores do atentado. Uribe, que tinha acabado de retornar ao país, classificou o ataque contra o ex-colaborador como "um atentado contra o povo colombiano".

Fontes militares revelaram ao jornal El Espectador que, há alguns meses, algumas pessoas vistoriavam diariamente o trajeto que seria feito pelo ex-ministro, o que abre a possibilidade de que o ataque seja ligado aos protestos contra o Tratado de Livre Comércio (TLC) entre Colômbia e Estados Unidos, que entrou em vigor ontem. Jovens protestaram em várias partes de Bogotá, inclusive na Universidade Nacional, não muito longe do local da explosão.

Horas mais cedo, tinha sido desativado um carro-bomba com 38kg de explosivos e dois estilhaços, colocado diante do comando da polícia de Bogotá. O general Luis Martínez, que dirigiu a operação, informou que o atentado foi frustrado graças a uma denúncia anônima. "É um ataque dirigido pelos terroristas das Farc", acusou o oficial. O condutor do automóvel foi preso.

Capital na mira

O atentado contra Londoño foi a pior ação terrorista na capital colombiana nos últimos nove anos. Em janeiro de 2003, um carro-bomba explodiu em um clube frequentado pela elite colombiana, deixando pelo menos 20 mortos e mais de 100 feridos. Em agosto de 2010, dois dias depois da posse de Juan Manuel Santos, um veículo explodiu no norte de Bogotá e deixou nove feridos. As Farc foram acusadas por ambos os ataques.

"O governo não vai se deixar desestabilizar por esses atos terroristas" Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia