Correio braziliense, n. 20212, 22/09/2018. Economia, p. 9

 

Governo libera R$ 4,1 bi

Rosana Hessel

22/09/2018

 

 

A duas semanas do primeiro turno das eleições, o governo anunciou a liberação de R$ 4,12 bilhões do Orçamento deste ano. Na próxima semana, o ministro do Planejamento, o da Fazenda e o da Casa Civil, que integram a Junta Orçamentária, devem definir os órgãos que serão contemplados. No entanto, o valor não será suficiente para cobrir a demanda, atualmente em torno de R$ 6,7 bilhões, pelas estimativas do secretário de Orçamento Federal, George Soares.


“É normal os ministérios pedirem mais recursos para antecipar investimentos e despesas. Mas o governo vai fazer a triagem, e a decisão seguirá critérios, como olhar para os contratos mais urgentes”, explicou Soares, ao lado do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, durante apresentação do quarto Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas de 2018. O desbloqueio será detalhado em um novo decreto de programação orçamentária que será publicado até o próximo dia 30.

Uma parte do valor, entretanto, já está reservada para a antecipação do aporte do Brasil ao banco dos Brics (composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) previsto para 2019, de R$ 1 bilhão. O restante será distribuído entre o Fundo de Garantia de Exportações (FGE) — para cobrir calotes de países como Venezuela e Moçambique — e os ministérios.

No relatório, o governo manteve a previsão de crescimento de 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, mas reduziu em 0,8% a estimativa do PIB nominal, para R$ 6,879 trilhões. Mansueto sinalizou que o governo deve revisar o PIB no próximo bimestre, alinhando-se às previsões de mercado.

O documento mostra que o valor que será liberado é menor do que a folga fiscal de R$ 8,2 bilhões registrada no documento após aumento de receita e cortes de despesas no quarto bimestre. Os secretários informaram que o montante desbloqueado respeita o teto de gastos. Logo, os R$ 4,1 bilhões restantes devem ser usados no abatimento da meta fiscal, tanto que a nova projeção do rombo nas contas da União ficou em R$ 154,9 bilhões — abaixo do deficit primário de R$ 159 bilhões permitido na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) .

A meta fiscal do setor público consolidado, que inclui os governos regionais e as estatais, também ficará abaixo do rombo previsto na LDO, de R$ 161,3 bilhões, e da nova projeção do relatório, de R$ 145,1 bilhões. “Pelas nossas estimativas, há possibilidade de o governo terminar o ano com  deficit de R$ 125 bilhões. É uma boa notícia, mas não é motivo para ficar alegre. O Brasil tem uma dívida bruta muito alta para um país de renda média”, afirmou Mansueto.

O secretário do Tesouro explicou que essa melhora de R$ 20 bilhões pode ocorrer devido à redução de R$ 15 bilhões nas despesas, por conta do “empoçamento” de gastos não concretizados por vários órgãos — e que não podem ser destinados para outras despesas. Além disso, ele estima melhora de R$ 5 bilhões no superavit primário das estatais devido ao pagamento da dívida de Itaipu Binacional.

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Dólar recua para R$ 4,05

22/09/2018

 

 

Um dia após fechar abaixo da barreira psicológica de R$ 4,10, o dólar encerrou a sexta-feira cotado a R$ 4,048 para venda, com queda de 0,52%. No início da manhã, a divisa estrangeira atingiu a cotação máxima de R$ 4,09, mas perdeu valor ao longo do dia. Já o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o pregão aos 79.379 pontos, com alta de 1,64%. Os investidores permanecem atentos à corrida presidencial, além de acompanhar os desdobramentos da guerra comercial envolvendo Estados Unidos e China.


Com o patamar alcançado ontem, o Ibovespa acumulou valorização de 5,15% na semana, o melhor desempenho desde janeiro. Já o dólar teve desvalorização de 2,9%. Para Fernanda Consorte, estrategista do Banco Ourinvest, o bom humor do mercado foi reforçado pelas recentes pesquisas eleitorais. Além disso, o cenário tranquilo no exterior ajudou.

“A taxa de câmbio vem tendo um comportamento positivo nos últimos dias, aparentemente pelo crescimento de Jair Bolsonaro (candidato do PSL), que evitaria a volta da esquerda ao poder. Porém, o mercado não está levando em conta o estado de saúde instável do candidato, além do crescimento de Fernando Haddad (PT) nas intenções de voto”, afirmou.