O globo, n. 31057, 18/08/2018. País, p. 10

 

Cunha diz que filha 'dará mais trabalho' do que ele

Cleide Carvalho

18/08/2018

 

 

Preso no Paraná, ex-presidente da Câmara publica carta no Facebook em que fala sobre Danielle, candidata a deputada federal. No mesmo texto, faz críticas a Lula e chama Dilma de ‘poste sem luz’

Uma carta do ex-deputado Eduardo Cunha, que cumpre pena no Complexo Médico-Penal no Paraná, foi publicada no Facebook em apoio à filha Danielle Cunha, que se lançou candidata a deputada federal pelo MDB, mesmo partido do pai. Cunha diz que ela tem “notória desenvoltura política”, é “muito mais preparada” e dará mais trabalho do que ele deu aos adversários. “Sua desenvoltura política é notória: jovem, mulher, evangélica, empreendedora, capacitada, com um currículo que fala por si só. Ela é muito mais preparada doque eu. Os meus adversários podem aguardar que ela dará mais trabalho do que eu dei, e defenderá tudo o que eu defendi, do interesse da nação e do povo evangélico, como o combate ao aborto, além das suas próprias propostas que debaterá na campanha”, diz o texto, que foi também publicado em sua conta do Twitter:

A Justiça condenou Cunha a 38 anos de reclusão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Uma parte da pena se refere à acusação de que recebeu propina de empresários em troca de intermediar contratos na Petrobras. Outra sentença aponta que ele embolsou dinheiro, de grandes grupos empresariais, para facilitar liberação de aportes do Fundo de Investimento do FGTS, gerido pela Caixa Econômica. Cunha começa dizendo que o texto, batizado de “Carta à Nação”, é seu posicionamento no cenário eleitoral, do qual não participa pela primeira vez nos últimos 20 anos. Diz que o MDB tem os melhores nomes para a Câmara e o Senado, eque o candidatoa presidente do partido éomaispre parado, sem citar Henrique Meirelles.

“O nosso candidato apres identeéomaisp reparado; numa eleição repleta de candidatos contumazes, que trocam de legenda, mas não trocam de ambição, e de candidatos sem a menor condição de governabilidade”, afirma no texto. Ele diz a adversários que conseguirá reverter sua situação e voltará a participar do cenário político. Sobre a condenação, o ex-deputado afirma ser vítima de perseguição por ter sido o responsável pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que retirou o PT do governo, e se compara ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao dizer que é “um troféu político da República de Curitiba”. Afirma ainda que, apesar de ser adversário do PT, acredita que “Lula tem direito de ser candidato” e quem “deve julgá-lo é a população”. “Lula deve ser cobrado e responder por sua irresponsabilidade de ter imposto ao país um poste sem luz, chamado Dilma Rousseff; que destruiu a economia e a política. O petista não deve ser eleito pelo custo que impôs ao povo com sua desastrada escolha, mas jamais impedido de disputar”, escreve.