Título: Bolsas voltam a cair
Autor: Franco, Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 17/05/2012, Economia, p. 13

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa-BM&F) seguiu o movimento de queda dos mercados globais face às incertezas quanto ao futuro da Grécia e da Zona do Euro e fechou o pregão no vermelho pelo sétimo dia consecutivo. O recuo ontem foi de 0,62%, a 55.887 pontos, o menor patamar desde 19 de dezembro. Com isso, a bolsa acumula desvalorização de 1,53% no ano, de 9,6% no mês e de 4,33% nesta semana. A queda do dia só não foi maior porque as ações preferenciais da Petrobras tiveram alta de 4,33% como consequência do lucro líquido de R$ 9,2 bilhões no primeiro trimestre, maior do que o esperado pelos analistas, embora 16% abaixo de igual período de 2011.

O movimento de queda tem a ver também com a saída de capital estrangeiro da bolsa brasileira, como observou Adriano Moreno, estrategista da Futura Investimentos: "Os estrangeiros estão vendendo muito aqui, diminuindo risco de portfólio". O movimento é comum em períodos de turbulência na economia mundial, quando os ativos correm para o dólar e os títulos da dívida soberana dos Estados Unidos. No acumulado de maio, até o dia 14, os estrangeiros retiraram R$ 1,3 bilhão da Bovespa.

As incertezas em relação à Grecia, com os bancos gregos enfrentando dificuldades para se capitalizar e a notícia de que o Banco Central Europeu (BCE) parou de injetar recursos em alguns bancos gregos por falta de garantias reais, ampliou os temores dos investidores que derrubaram as bolsas europeias.

Do outro lado do Atlântico, em Nova York, a bolsa que ensaiou alta, acabando fechando em baixa de 0,26%., tanto pelo aversão dos investidores a risco por conta da crise europeia como pela divulgação de ata do Federal Reserve (Banco Central norte-americano), que deixou portas abertas à possibilidade de adoção de novas medidas para estimular uma recuperação econômica e reconhece o estágio de lento crescimento da maior economia do planeta.

O clima de pessimismo foi complementado por declaração do presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, de que uma eventual decisão grega de deixar o bloco monetário europeu traria grandes questionamentos, com impacto na Espanha, na Itália e em outros países na região, onde medidas de austeridade foram adotadas em troca de empréstimos internacionais.

YPF A petrolífera argentina nacionalizada YPF, nacionalizada pela presidente Cristina Kirchner, corre o risco de ver seus American Depositary Shares (ADSs), títulos conversíveis em ações, retirados da Bolsa de Valores de Nova York por descumprimento de todas as exigências regulatórias. A companhia parou de cumprir as regras depois que o governo argentino assumiu o controle administrativo em meados de abril.