O Estado de São Paulo, n.45605 , 28/08/2018. Política, p.A11

PGR ACUSA 26 POR ‘VENDA’ DE REGISTRO SINDICAL

Breno Pires

 

 

Ex-ministro do Trabalho e deputados do PTB e do Solidariedade estão entre os denunciados

 

A Procuradoria-Geral da República denunciou 26 pessoas por suposto envolvimento em organização criminosa com atuação no Ministério do Trabalho. O grupo é acusado de “vender” registros sindicais. Entre os denunciados estão o ex-ministro da pasta Helton Yomura, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, deputados e servidores do ministério.

Os parlamentares acusados são Jovair Arantes (PTB-GO), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Paulinho da Força (SD-SP), Wilson Santiago Filho (PTB-PB) e Nelson Marquezelli (PTB-SP). A denúncia afirma que os deputados, além de Jefferson e Yomura, integravam o “núcleo político e sindical” do esquema, que “determinava a manipulação dos processos de registro sindical para favorecer entidades em troca da obtenção de capital político e recursos financeiros”.

Na denúncia, a procuradorageral da República, Raquel Dodge, diz que, desde 2016, o Ministério do Trabalho está sob influência do PTB e do SD. A acusação formal foi enviada ontem ao Supremo Tribunal Federal – o relator do inquérito é o ministro Edson Fachin.

“Entidades sindicais ingressam no esquema criminoso em razão da burocracia existente na Secretaria de Relações do Trabalho, que dificulta – e muitas vezes impede – a obtenção de registro àqueles que se recusam a ofertar a contrapartida ilícita que lhes era exigida”, afirmou a Procuradoria.

As provas que embasam a denúncia foram obtidas, de acordo com a PGR, por meio de quebras de sigilo e buscas e apreensões realizadas em três fases da Operação Registro Espúrio. Também foram considerados documentos e informações fornecidos pelo ex-servidor do Trabalho Renato Araújo Júnior, que fez delação premiada.

 

Defesas. Jefferson disse que fez “solicitações de natureza política em atenção” a pedidos a ele dirigidos, “não para obter vantagens”. Cristiane Brasil, filha de Jefferson, afirmou que a PF e o Ministério Público, “sem provas, acusam a esmo”.

Marquezelli disse que a denúncia “não condiz com a realidade”. Wilson Filho negou participação “em com qualquer suposto esquema”. Jovair afirmou que só vai se manifestar quando tiver acesso à denúncia. Yomura e Paulinho da Força não responderam ao Estado até a conclusão desta edição.