O Estado de São Paulo, n.45594 , 17/08/2018. Política, p.A8

Campanha nas redes domina 1ª dia

Gilberto Amendola

 

 

 

Eleições 2018 Largada / Maioria dos candidatos divulgou jingles e vídeos a seguidores e apenas seis saíram às ruas; para estudiosos, será a eleição da ‘invisibilidade’

Seis dos 13 candidatos à Presidência da República colocaram os pés nas ruas no primeiro dia oficial de campanha eleitoral. A maioria dos postulantes ao Planalto, no entanto, escolheu divulgar jingles, vídeos e materiais por meio das redes sociais. Para analistas ouvidos pelo Estado ,a “invisibilidade” dos presidenciáveis no mundo real marca o atual processo eleitoral.

Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Guilherme Boulos (PSOL), Vera Lúcia (PSTU), José Maria Eymael (Democracia Cristã) e João Goulart Filho (PPL) optaram por fazer agendas públicas, longe de ambientes controlados. Para o cientista político Humberto Dantas (FGV), a “timidez” dos candidatos nesse início de campanha se deve a dois fatores: falta de dinheiro e medo de exposição negativa. “Mobilizar é caro. Carro, bandeira, balão e camiseta custam muito dinheiro. As campanhas estão sem recursos para bancar ações grandiosas”, disse.

Dantas também pondera que os candidatos estão receosos em chamar atos públicos. “Esses atos acabam evidenciando um esvaziamento das próprias campanhas. Os políticos não querem deixar isso escancarado.”

 

‘Invisibilidade’. O também cientista político Malcom Camargo (PUC-MG) afirma que essa será a eleição da “invisibilidade”. “A invisibilidade está sendo gerada pelas próprias regras que restringem o espaço de comunicação dessas campanhas com a sociedade. As campanhas permanecerão distantes das ruas e invisíveis durante todo o processo.”

Para o cientista político Rodrigo Prando (Mackenzie), a “memória da Lava Jato” deve afastar o político das ruas. “Os eventos de rua, o contato físico entre candidato e eleitor, tem uma força simbólica muito importante. Mas, por conta da pressão da Lava Jato, ele deve acontecer apenas de forma muito controlada.” Prando acredita que os candidatos devem focar esforços em suas redes sociais e WhatsApp.

Ciro começou sua campanha em Irajá, na zona norte do Rio. Discursou em uma quadra poliesportiva na praça Ferreira Souto, ao lado do presidente do PDT, Carlos Lupi, de sua mulher, Giselle Bezerra, e do candidato ao governo do Rio, Pedro Fernandes.

No discurso, Ciro disse que a revolta do brasileiro com a política não pode se basear em ódio. “Quem quiser esculhambar pode ficar à vontade até porque razão não falta. Mas tomar decisão de cabeça quente nunca foi bom conselheiro. Vamos evitar transformar a nossa revolta em algo que precipite o nosso Brasil em inexperiência, extremismo e radicalismo.”

Marina foi ao Ambulatório Médico Voluntário de Cangaíba, na zona leste de São Paulo. Guilherme Boulos, fez um ato na Praça da Sé, no centro da capital paulista. Quem também caminhou pelo centro de São Paulo com militantes foram João Goulart Filho e José Maria Eymael. Vera Lúcia fez panfletagem de rua.

Geraldo Alckmin (PSDB), Jair Bolsonaro (PSL), Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos), João Amoedo (Novo) e Cabo Daciolo (Patriota) usaram as redes sociais para marcar o início da campanha, com lançamento de vídeos, jingles e materiais de campanha.

 

Mulheres. No final do dia, Dias, Ciro, Alckmin, Meirelles, João Amôedo (Novo), Marina e Vera Lúcia participaram de evento fechado organizado pelo grupo Mulheres do Brasil, que é presidido pela empresária Luiza Helena Trajano, controladora da Magazine Luiza. Lado a lado, eles evitaram ataques a adversários e até deram as mãos para cantar uma música juntos. Todos os candidatos prometeram agir para acabar com as diferenças salariais entre homens e mulheres no mercado de trabalho e combater a discriminação de gênero. /  COLABOROU DANIEL WETERMAN

 

CORPO A CORPO

● O Ciro Gomes (PDT): Visitou o bairro do Irajá, na zona norte do Rio de Janeiro, e discursou em quadra na praça Ferreira Souto.

● Marina Silva (Rede): Esteve no Ambulatório Médico de Cangaíba, na zona leste de São Paulo, acompanhada de correligionários.

● Henrique Meirelles (MDB): Participou de evento organizado pelo grupo Mulheres do Brasil, realizado em teatro de São Paulo.

● Geraldo Alckmin (PSDB): A exemplo de Meirelles, foi ao ato do Mulheres do Brasil; candidatos deram as mãos e cantaram juntos