O globo, n. 31053, 14/08/2018. País, p. 6
Marina diz que vai rediscutir teto de gastos públicos
Dimitrius Dantas
14/08/2018
Candidata da Rede ainda criticou opositores ‘saudosistas em relação à ditadura militar’
A candidata Marina Silva afirmou ontem que irá rediscutir a emenda constitucional que implantou um teto de gastos no orçamento da União. A ex-senadora evitou dizer que irá revogar a medida, mas disse que “nenhum brasileiro em sã consciência" aprova seus efeitos. Marina também lembrou que o Tribunal de Contas da União afirmou que a emenda inviabilizaria o estado brasileiro nos próximos seis anos.
— Fazer a crítica à forma que estão propondo não significa em hipótese alguma irresponsabilidade fiscal, pelo contrário — disse a candidata, que esteve em debate sobre educação do movimento Todos pela Educação e pelo jornal “Folha de S.Paulo”.
Em 2010, quando de sua primeira campanha presidencial, Marina defendeu controlar o aumento do gasto público à metade do crescimento do Produto Interno Bruto. Segundo a proposta aprovada no Congresso durante o governo Temer, as despesas públicas não poderão jamais crescer mais do que a inflação.
No evento, Marina foi questionada sobre como deveriam ser abordados no currículo escolar temas relacionados ao gênero. Marina afirmou que a educação pode unir pessoas de origens diferentes, mas também destacou que isso pode ser feito “sem proselitismo".
— Isso pode e deve ser feito sem significar nenhum tipo de proselitismo, nem ideológico, nem religioso.
A candidata disse ainda que candidatos que têm “saudosismo em relação à ditadura” a preocupam. Na última semana, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) aumentou o tom dos ataques a Marina na internet.
— Acho que o debate em si revela quem me preocupa: os que têm saudosismo em relaçãoàditadura. Os que usaram dinheiro de corrupcao e caixa 2 preocupam. A democracia é minada também pela corrupção. A falta de equidade é algo que preocupa —disse.
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Bolsonaro demite servidora citada em debate na TV
Eduardo Bresciani
14/08/2018
Walderice foi flagrada vendendo açaí durante o horário de expediente; ‘Mais uma desempregada’
O deputado e candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), informou que a funcionária de seu gabinete Walderice Santos da Conceição pediu demissão. Ela foi flagrada ontem pelo jornal “Folha de S.Paulo" vendendo açaí em Angra Dos Reis (RJ) durante o horário de expediente.
Bolsonaro afirmou que o gabinete recebeu uma ligação da servidora, por volta de meio-dia, pedindo demissão. Segundo o parlamentar, por questões burocráticas ela será exonerada sem constar que foi “a pedido".
No debate da TV Bandeirantes, na semana passada, Bolsonaro foi questionado por Guilherme Boulos (PSOL) sobre o tema, mas afirmou que, em janeiro, a funcionária vendia açaí porque estava de férias.
— Ela falou que tendo em vista esses problemas, que para me ajudar a não desgastar, pediu demissão. Foi meu primeiro dia aqui em Brasília depois do debate. Ela está fora. É uma senhora, deve ter uns 50 anos de idade, pobre e vai procurar emprego agora. É mais uma desempregada no Brasil — afirmou o parlamentar, em entrevista na Câmara.
A funcionária tinha salário bruto de R$ 1.416,33 e recebia ainda R$ 982,29 de auxílios. Ela fazia parte do gabinete de Bolsonaro desde 2003. Segundo o parlamentar, Walderice o ajudava a atender demandas da cidade. Ele tem uma casa em Angra.
Bolsonaro afirmou ainda que vai processar Boulos por ter lhe chamado no debate de “racista, machista e homofóbico". O candidato do PSL afirmou que pretende manter como estratégia nos próximos debates não fazer ataques aos adversários.