Título: Decreto marca nova eleição
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Fonte: Correio Braziliense, 20/05/2012, Economia, p. 12
O presidente grego, Carolos Papoulias, emitiu decreto ontem e confirmou que vai realizar outra eleição geral em 17 de junho, a segunda em menos de dois meses. A data já havia sido divulgada, mas ainda não era oficial. O novo pleito precisará ser feito porque o país afundou em uma guerra política após os eleitores punirem nas urnas, no último 6 de maio, os principais partidos que defenderam medidas de austeridade fiscal em troca do resgate financeiro internacional. Nenhum partido conseguiu a maioria necessária para governar.
Agora, com um emaranhado de siglas minoritárias, o parlamento grego não consegue formar um governo de coalizão. Ele está dividido entre apoiadores e opositores ao resgate internacional da Grécia de 130 bilhões de euros e não pode levar adiante o plano de ajustar as contas públicas. "O novo Parlamento se reunirá em 28 de junho, uma quinta-feira", disse um comunicado do governo grego.
A disputa promete ser acirrada. Duas pesquisas divulgadas ontem mostraram que os partidos estão disputando ponto a ponto o novo pleito presidencial. A primeira sondagem, feita pelo Metron Analysis, mostrou que o partido de esquerda Syriza, contra o pacote de socorro, possui 25,1% das intenções de voto, enquanto o conservador Nova Democracia tem 23,8%. A segunda, realizada pela MRB, mostrou o Nova Democracia com 24,4%, contra 23,8% do Syriza.
A necessidade de uma nova eleição apenas agravou a incerteza política e reacendeu temores de que o país possa ser forçado a sair da Zona do Euro. Estima-se que o custo global da divisão na moeda única europeia chegue a US$ 1 trilhão. O temor de um racha é tão grande que os gregos já estão sacando suas reservas bancárias, o que pode levar a um colapso no sistema financeiro do país. Além de se alastrar por outros países endividados da região, a turbulência traria prejuízo para os Estados Unidos, o que prejudicaria o projeto de Barack Obama de se reeleger em novembro. "Nossas economias dependem umas das outras", disse o novo presidente da França, François Hollande.
Durante a reunião do G-8, em Camp David (EUA), a chanceler alemã, Angela Merkel, destacou que Alemanha e França não têm divergência no que diz respeito à necessidade de apoiar o crescimento europeu ao mesmo tempo em que se esforçam para reduzir o endividamento público. "A consolidação dos orçamentos e do crescimento são dois lados de uma mesma moeda", afirmou.
Também estão na pauta da cúpula preocupações sobre os preços do petróleo e dos alimentos. Os líderes do G-8 disseram que o mercado petroleiro terá uma oferta "completa e oportuna" para evitar que o valor do barril dispare por causa do embargo da União Europeia contra a entrada de petróleo iraniano a partir de 1º de julho. A medida foi uma nova tentativa do ocidente de negociar sobre o programa nuclear iraniano. "Estamos vigiando de perto a situação e preparados para acionar Agência Internacional de Energia para adotar as medidas necessárias visando garantir o abastecimento do mercado", destacaram, no comunicado da cúpula.
" A consolidação dos orçamentos e do crescimento são dois lados de uma mesma moeda" Angela Merkel, Chanceler alemã