Título: G-8 unido pela Grécia
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Fonte: Correio Braziliense, 20/05/2012, Economia, p. 12
Presidentes das oito nações mais ricas do mundo se comprometem a adotar medidas necessárias para combater a turbulência financeira e revigorar a economia
Líderes mundiais declararam apoio ontem para manter a Grécia na Zona do Euro e prometeram tomar todas as medidas necessárias para combater a turbulência financeira. Reunido em Camp David, residência de férias do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o G-8 (grupo dos países mais ricos do mundo) disse que a recuperação da economia global mostra sinais promissores, mas "ventos contrários significativos persistem".
"Nesse contexto, comprometemo-nos a tomar todas as medidas necessárias para reforçar e revigorar nossas economias e combater tensões financeiras, reconhecendo que as medidas corretas não são as mesmas para cada um de nós", afirmaram, em comunicado.
O teor do documento revela a dimensão tomada pela crise da Grécia. É raro que um comunicado do G-8, geralmente brando, destaque uma pequena nação. Mas os temores de que um impasse político na Grécia leve o país mediterrâneo a deixar a união monetária da Europa a custos desconhecidos para o sistema financeiro assustam os mercados globais.
Obama e líderes de outras grandes potências econômicas se reuniram para discutir a economia global e buscar formas para acalmar os mercados — por causa da falta de uma solução para a crise europeia, a semana registrou fortes oscilações nas bolsas de valores de todo o mundo. Pela manhã, Obama prometeu buscar maneiras de restaurar o crescimento saudável e o mercado de trabalho e tratar das preocupações na Europa. "Todos nós estamos absolutamente comprometidos em garantir que tanto o crescimento quanto a estabilidade, além da consolidação orçamentária, façam parte de um pacote global, a fim de alcançar o tipo de prosperidade para os nossos cidadãos que todos nós estamos procurando", disse.
Sensação de urgência
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, após correr em esteiras com Obama de manhã no ginásio de Camp David, afirmou que detectou uma "crescente sensação de urgência" de que alguma ação precisa ser tomada com relação à crise na Zona do Euro. Londres, que já depende fortemente de financiamento internacional, levaria um duro golpe com uma eventual instabilidade bancária. "Os planos de contingência devem ser postos em prática e o fortalecimento dos bancos e do governo precisam acontecer muito rápido", considerou.
Os líderes europeus fizeram questão de frisar na sexta-feira que permaneceriam firmes a respeito da proteção de seus bancos, após a notícia da escalada de empréstimos ruins levantar a suspeita de que o resgate dos bancos da Espanha derrubaria a quarta maior economia da Zona do Euro. Além da estabilização do sistema financeiro, os líderes discutem como equilibrar o crescimento com os esforços para reduzir a dívida de governos por meio de arrocho nas contas públicas. Obama se alinhou com o primeiro-ministro italiano, Mario Monti, e o novo presidente francês, François Hollande, ao colocar mais ênfase no crescimento. Isso impõe pressão sobre a chanceler alemã, Angela Merkel, que apresentou austeridade fiscal como o principal meio de reduzir os enormes níveis de dívida que pesam sobre as economias europeias.