O globo, n. 31049, 10/08/2018. País, p. 6

 

‘FAMÍLIA É A RELAÇÃO ENTRE HOMEM E MULHER’

José Maria Eymael

10/08/2018

 

 

Candidato à Presidência pela quinta vez aposta agora nas redes sociais, além do poder do jingle de sucesso “Ey, Ey, Eymael”, criado em 1984

Fora dos debates e com pouco tempo de propaganda na TV — este ano serão oito segundos e meio —Eymael quer explorar as redes sociais, embora tenha apenas 13 mil curtidas no Facebook e perfis desatualizados no Instagram e no Twitter.

Entre suas propostas, está a redução do número de ministérios e a criação de uma pasta voltada à família. Diante da possibilidade de novamente não vencer a eleição, não arrisca um apoio para eventual segundo turno. Mas garante um veto: ao tucano Geraldo Alckmin, a quem apoiou em 2014, por ter se aliado ao “centrão”.

Na última campanha à Presidência, em 2014, o advogado gaúcho obteve 61.250 votos, ou 0,06% do total, ficando em nono lugar.

O senhor foi candidato à Presidência quatro vezes: 1998, 2006, 2010 e 2014. Acredita que desta vez será bem-sucedido?

O sentimento é o de que chegou a vez da democracia cristã. Com o processo muito dimensionado de corrupção, a democracia cristã, com 73 anos, não tem máculas. Há outro detalhe, que não existia há quatro anos: a influência das redes sociais na formação de opinião. Temos muito espaço para crescer.

Crescer a ponto de vencer ou de contribuir para o debate eleitoral?

Contribuir para o debate eleitoral, sem dúvida. Mas todo nosso esforço é para chegar ao segundo turno. Só autorizamos incluir nosso nome nas pesquisas há uma semana. E o interesse das pessoas é crescente.

Como é lançar uma campanha fora de debates na TV e com pouco tempo de propaganda?

Não é fácil, mas tem um fator que ajuda: contra quem lutamos. O candidato que tem metade do tempo é o Geraldo Alckmin, que se abraçou com o centrão. Amarrou uma pedra nas pernas e isso nos ajudou demais.

Qual a principal contribuição que quer dar ao debate?

Reforçar a missão do próximo presidente: tornar o Brasil uma potência, grande, forte, respeitado, com desenvolvimento, que gere emprego e renda. Não é só meta ou compromisso, deve ser uma obsessão.

Como dar conta dessa obsessão?

Primeiro, a atitude do próximo presidente ao compor ministérios. Deve ser o time do presidente, com quem ele conversa, tenha um relacionamento diário. É um absurdo ter 29 pastas ministeriais. Nossa ideia é enxugar para 15, sendo que um deles será o Ministério da Família.

O que é família e quais os objetivos da pasta?

Família é o relacionamento de homem e mulher. Não temos nada contra a união estável de pessoas do mesmo sexo, mas o termo família, na visão da democracia cristã, é definido pela relação entre homem e mulher. Sobre os objetivos, o Ministério da Família já existe em grandes nações: Alemanha, Austrália, Canadá. A missão é ser uma consciência na ação de governar, tendo como foco a família. E a segunda missão é formular políticas públicas para proteger valores da família e suas necessidades. Um exemplo imperioso é a educação inclusiva.

A sua candidatura tem relação com a manutenção do fundo partidário?

Tem relação direta. A candidatura a presidente impulsiona a candidatura nos estados. O tamanho do fundo partidário depende dos votos a deputado federal.

O senhor tem apenas 13 mil curtidas no Facebook, e os perfis no Instagram e Twitter estãodesatualizados. Está preparado para o combate?

[Risos]. Vamos dedicar um pouco de tempo ao Twitter e ao Instagram, mas sem perder o foco no Facebook. Tenho pouco mais de 20 mil seguidores no Twitter. Em termos conceituais, sou o autor de todas as postagens na fanpage. E também estamos começando um trabalho de comitês virtuais pela internet.

Que importância terá o seu jingle nesta campanha?

Vai ter um papel de grande relevo. Identificamos que o jingle evoca conteúdo. É o Eymael, a obra dele, é ele. Não é o cara que só passa na rua, abanando a mão. De jeito nenhum podemos subestimá-lo. Foi objeto até de defesa de tese. Foi constatado que o sucesso dele se deve ao apelo emocional, a uma certa nostalgia. O autor, o alfaiate José Raimundo de Castro, tem mais de 90 anos, somos amigos, e continua trabalhando na mesma galeria, no Centro de São Paulo. Muito humilde, canta o jingle. É um herói da democracia cristã.