Título: CPI começa a ouvir grupo de Cachoeira
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2012, Política, p. 4

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga o empresário de jogos de azar Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, deve ouvir esta semana sete pessoas envolvidas no esquema. Entre os depoentes convocados está o próprio bicheiro, que pode não comparecer. Seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, entrou com um pedido para que ele só vá à comissão daqui a três semanas. Além de Cachoeira, serão ouvidos seus principais assessores, incluindo o ex-sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, que seria responsável pela espionagem do grupo.

Preso desde 18 de abril, Cachoeira já teve em seu favor uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar o depoimento — remarcado para amanhã. Na semana passada, seu advogado pediu ao relator do caso, o ministro Celso de Mello, que mantivesse o recurso. Ao mesmo tempo, Thomaz Bastos pediu à CPI que adiasse o interrogatório, alegando que precisa de mais tempo para preparar a defesa. A decisão do ministro será tomada hoje.

Para a quinta-feira estão marcados os depoimentos de Dadá, Lenine Araújo de Souza, Jairo Martins de Souza, José Olímpio de Queiroga Neto, Gleyb Ferreira da Cruz e Wladmir Henrique Garcez. Eles fazem parte da organização, segundo relatórios da Operação Monte Carlo, desencadeada em 29 de fevereiro pela Polícia Federal. Dadá e Jairo atuavam na área de espionagem. O ex-sargento também tinha a função de recrutar policiais civis, militares e federais para atuarem com o grupo, fornecendo informações sobre operações contra caça-níqueis, principalmente na área de Cachoeira.

Lenine foi apontado pela PF como o gerente e contador de Cachoeira, mesma função desempenhada por Olímpio Queiroga no Entorno de Brasília. Além disso, ele seria o responsável pelo pagamento de propinas. O ex-vereador de Goiânia Wladmir Garcez era a ponte entre o bicheiro e servidores públicos e Gleyb Ferreira da Cruz seria laranja e um de seus principais assessores. As seis pessoas arroladas pela CPI são citadas e participam de conversas gravadas pela PF.

Procurador-geral A comissão também deve receber nesta semana as respostas do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dos questionamentos feitos pelos parlamentares na última quinta-feira. Em um primeiro momento, deputados e senadores queriam a convocação de Gurgel, mas limitaram-se a enviar duas perguntas escritas a ele: em que data e circunstâncias chegaram à PGR os inquéritos das Operações Vegas e Monte Carlo, e quais foram as providências adotadas por ele. A decisão de não convocá-lo foi tomada após um acordo feito entre os parlamentares, que também decidiram não convocar governadores.

Gurgel passou a ser questionado após o depoimento do delegado Matheus Mella Rodrigues que disse que a Operação Monte Carlo foi desencadeada para acabar com caças-níqueis em Valparaíso de Goiás, motivada pela Operação Vegas, realizada em 2009, cujo processo estava parado na PGR.