Título: Obama concorda com ajustes
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Fonte: Correio Braziliense, 21/05/2012, Economia, p. 9
Em comunicado divulgado ontem pela Casa Branca, o presidente norte-americano, Barack Obama, e a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmam que a União Europeia deve manter as medidas de ajuste fiscal, embora busque retomar o crescimento. Os dois chefes de governo reuniram-se na casa de campo do presidente americano, em Camp David (Maryland), após a cúpula de dois dias do G-8, dominada pela crise da dívida na Europa.
Enquanto Obama, que busca a reeleição, incentivou os colegas europeus a retomarem o crescimento, a chanceler alemã manteve-se firme sobre as medidas de austeridade para combater a crise da dívida que afeta a Zona do Euro. Após o encontro, o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes, explicou que os líderes concordaram em que promover o crescimento não significa "substituir a reforma fiscal", e, sim, que ambas as medidas caminham juntas.
"Há um reconhecimento da necessidade de medidas imediatas para promover o crescimento da Zona do Euro bem como manter a consolidação fiscal que a chanceler Merkel e outros líderes apontaram", disse Rhodes. Obama e Merkel discutiram não apenas que passos precisam dar para realizar reformas estruturais, mas também "medidas que possam tomar em cima destas para promover o crescimento e ajudar a estabilizar a situação", acrescentou o conselheiro da Casa Branca. Após o encontro, os dois chefes de Estado dirigiram-se a Chicago, onde acontece a reunião de cúpula da Otan.
Grécia
Os eleitores gregos terão de escolher se permanecerão como membros da Zona do Euro nas eleições do mês que vem. A declaração foi feita em Chicago pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, que fez um apelo para que o bloco implemente os planos de contingenciamento, qualquer que seja a decisão grega. Cameron negou que a cúpula do G-8, encerrada ontem, tenha sido um fracasso, "porque acredito que as reuniões ajudaram a cristalizar o pensamento dos líderes econômicos do mundo e, particularmente, cristalizar o pensamento dos membros da Zona do Euro".
"Agora, temos de mandar uma mensagem muito clara à população grega. Há uma escolha: você pode votar para que a Grécia continue na Zona do Euro, com tudo o que o país se comprometeu, ou, se você votar em outra opção, na prática, está votando na saída", disse ele referindo-se à polarização na política do país. O pleito grego tem de um lado o partido de esquerda Syriza, contra o pacote de socorro de 130 bilhões de euros ao país, e de outro o conservador Nova Democracia, que defende as medidas de austeridade. "O mais importante é que os líderes da Zona do Euro têm de preparar planos de contingência para essas possíveis situações, planos realmente claros que mantenham nossas economias seguras e estáveis. Eu farei de tudo, no Reino Unido, para garantir que estejamos nessa situação, também", disse.
Os líderes políticos do país não conseguiram formar uma coalizão após uma eleição inconclusiva em 6 de maio, quando partidos que se opõem aos termos de austeridade do resgate internacional à Grécia tiveram bons resultados, levantando à possibilidade de que o país pode deixar a Zona do Euro. Novas eleições serão realizadas em 17 de junho.
" Acredito que as reuniões ajudaram a cristalizar o pensamento dos líderes econômicos do mundo e, particularmente, cristalizar o pensamento dos membros da Zona do Euro"
David Cameron, primeiro-ministro britânico