Título: UE avalia efeito Hollande
Autor: Franco, Carlos
Fonte: Correio Braziliense, 09/05/2012, Economia, p. 13

CRISE GLOBAL/ Líderes europeus se reúnem dia 23, em Bruxelas, para traçar plano de ação diante de novo cenário político

O belga Herman van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, surpreendeu ontem os mercados globais ao informar, pela rede social Twitter, a convocação de cúpula informal e extraordinária dos chefes de Estado e de governo da União Europeia: “Quarta-feira 23 de maio será a data do jantar informal”, escreveu ele. O encontro ocorrerá em Bruxelas, uma semana após a posse do presidente francês, François Hollande, cuja vitória nas urnas, associada à falta de definição na Grécia, mexeu com o humor das bolsas de valores por abrir possibilidade para revisão do pacto que pretende manter as políticas de austeridade na Zona do Euro como condição para o repasse de novos recursos e a retomada econômica de países da região, como Grécia, Portugal e Espanha, os mais afetados pela crise global dos mercado que se arrasta desde 2008.

Também pelo Twitter, Van Rompuy explicou a escolha do dia do encontro: “A data fixada dá a Hollande uma semana entre a posse e seu primeiro grande desafio oficial: avançar nas negociações com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel”. A primeira-ministra alemã já deu seu recado e disposição de não rever o plano de rigoroso ajuste fiscal da região, contra o qual Hollande se posicionou, conquistando votos dos eleitores franceses descontentes com medidas que cortam benefícios sociais. É esperado, porém, que França e Alemanha fechem acordo em torno da inclusão de uma política de crescimento no Pacto de Estabilidade aprovado em março. Assim, a reunião de Bruxelas serviria para reafirmar a união dos países da Zona do Euro. É temor de que a Grécia deixe o grupo, causando a primeira ruptura grave em 50 anos, que tem contribuído para o nervosismo do mercado, já que está em jogo a capacidade da região em manter a sua unidade e em honrar os compromissos na forma de títulos.

Na Espanha, a crise do Bankia, o terceiro maior banco do país, é outro fator de alarme no mercado financeiro, uma vez que o governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy precisará injetar entre 7 e 10 bilhões de euros para salvar a instituição, dinheiro que a Espanha não dispõe hoje com facilidade.

Também ontem, Angela Merkel divulgou o teor de uma carta enviada a Hollande com tom menos enfático. Após saudá-lo por sua eleição, a chanceler afirma que cabe a ambos tomarem decisões necessárias para a União Europeia e a Zona do Euro. “Você assume funções cheias de responsabilidades em um período cheio de desafios”, afirma.

Internauta

Herman Van Rompuy, que foi primeiro-ministro belga e preside o Conselho Europeu, engrossa o rol de políticos que fazem uso da rede social para emprestar transparência às suas decisões. A rede que ganhou visibilidade por ter sido uma das principais ferramentas da campanha bem-sucedida do norte-americano Barack Obama à Casa Branca, tem permitido a políticos o retorno rápido de seus atos e propostas.