O globo, n. 31090, 20/09/2018. País, p. 8
Ibope: 32% admitem probabilidade 'muito alta' ou 'alta' de voto útil
Jeferson Ribeiro
Fernanda Krakovics
20/09/2018
Eleitores justificam decisão para evitar vitória de candidato rejeitado; pesquisa aponta que voto em Bolsonaro é mais convicto
Aproximadamente um terço do eleitorado brasileiro está propenso a dar um voto útil, ou seja, escolher um candidato que não é o da sua preferência para evitar a vitória de um outro que ele rejeita. Segundo pesquisa Ibope divulgada anteontem, 32% dos eleitores classificam como “muito alta” ou “alta” a probabilidade de votar seguindo esse parâmetro.
O maior contingente de eleitores dispostos a adotar o voto útil está concentrado entre os apoiadores de Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo o Ibope, 40% daqueles que declaram voto nos dois primeiros também dizem que é “muito alta” ou “alta” a chance de migrar para outra candidatura. No caso do tucano, esse percentual é de 38%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Já Marina Silva (Rede) tem 31% de seus eleitores dispostos a mudar para um adversário com o objetivo de evitar a vitória de um candidato que eles rejeitem. A ex-senadora viu sua intenção de votos cair à metade, de 12% para 6%, no intervalo de uma semana, de acordo com o Ibope.
O levantamento registrou ainda o crescimento de 11 pontos percentuais, no mesmo período, de Haddad, que foi para 19%. O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, permanece na frente, com 28% — uma oscilação positiva de dois pontos percentuais, dentro da margem de erro.
Ciro manteve os 11% do levantamento anterior e Alckmin oscilou negativamente dois pontos percentuais, de 9% para 7%. Mesmo com esse eleitorado menos consolidado, os dois têm adotado um discurso para atrair o voto útil, em uma tentativa de chegar ao segundo turno. Já Haddad, apesar do crescimento rápido nas pesquisas, também tem 40% dos eleitores dispostos a trocá-lo para evitar que um adversário indesejado vença.
ELEITORES CONVICTOS
Bolsonaro tem os eleitores mais convictos entre os presidenciáveis—53% deles dizem que “é uma decisão definitiva, que não mudará de jeito nenhum”. Outros 17% afirmam que, apesar de a decisão de votar nele ser “firme”, poderá mudar. Apenas 13% dos eleitores dizem que esta é uma preferência inicial.
Dos 32% do total do eleitorado que admitem migrar para um voto útil, 14% classificaram a possibilidade como “muito alta”, enquanto 18% disseram que a chance é “alta”. Já 18% afirmaram que a possibilidade é média, 20% classificaram como “baixa”, 23% disseram ser “muito baixa” e 6% não responderam. a probabilidade de escolher um nome que não seja o seu preferido para evitar que outro candidato vença a disputa Fonte: Ibope Pesquisa Datafolha, divulgada na madrugada de hoje, mostra que o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, manteve a liderança na disputa ao Planalto. O capitão reformado do Exército oscilou dois pontos para cima e alcançou 28% das intenções de voto. Fernando Haddad, do PT, cresceu três pontos percentuais e chegou a 16% das intenções de voto. Ele está tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), que ficou estagnado em 13% em comparação ao último levantamento, divulgado na semana passada.
As simulações do Datafolha para segundo turno mostram que Ciro é o único candidato que venceria todos os rivais. Ainda de acordo com o Datafolha, 40% dos entrevistados dizem que podem mudar de voto. No grupo, 15% indicam Ciro como segunda opção. Marina teria 13%, enquanto 12% poderiam migrar para Haddad ou Alckmin. Bolsonaro é a segunda opção de voto de 11%. Bolsonaro cresceu no Sudeste, Norte e Sul, onde atingiu sua melhor marca (37%), e ganhou pontos entre jovens e entre mulheres, apesar da forte rejeição no segmento feminino. Haddad cresceu no Sudeste e no Nordeste —onde alcança a melhor pontuação (26%) e única região em que está à frente do candidato do PSL.