O Estado de São Paulo, n.45581 , 04/08/2018. Política, p.A9

Infidelidade nos Estados afeta mais Alckmin e Meirelles

 

 

Levantamento do ‘Estado’ mostra que em dez casos há ‘traições’ e formação de palanques regionais para candidatos adversários

A definição do quadro de candidatos na disputa eleitoral começou a revelara formação de palanques informais e casos de traição aos presidenciáveis nos Estados, com potencial de prejudicar concorrentes de dois dos maiores partidos – Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB). Na tentativa de atrair espaço nas bases das duas siglas estão o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato, e o deputado Jair Bolsonaro (PSL), líderes nas pesquisas de intenção de voto.

Um caso embl em áticoéo do governador tucano do Mato Grosso, Pedro Taques. Em campanha pela reeleição, ele avisou que irá ao aeroporto de Cuiabá recepcionar tanto Alckmin quantoBol sonar o. Taques costurou aliança com ajuíza aposentada Selma Arruda (PSL), a “Bolsonaro de saia”, como é chamada em Mato Grosso, que será candidata ao Senado. “Haverá palanque para os dois”, disse Taques.

Entre os “traidores” declarados de Meirelles está o governador de Alagoas, Renan Filho, que fez campanha interna no MDB contra ele ejá avisou que não está disposto a recebê-lo no Estado. O governador declara voto em Lula ou em outro candidato que venha substituir o ex-presidente. RenanFilhoéf avo ritoà reeleição, tendo suporte do PT.

Levantamento feito pelo Estado identificou dez casos em nove Estado seno Distrito Federal. Foram considerados“palanques informais” aquele sem que o candidato a governador lançado por um partido oferece apoio ou declara voto emumcand ida toàP residência não coligado com sua legenda. O potencial para traições existe porque não há no Brasil a regrada verticalização das coligações. P orisso, os partidos não são obrigados a reproduzira aliança nacional nas demais unidades da federação. As siglas podem selara cordo no planop residenciale, ao mesmo tempo, rivalizar na disputa de cargos majoritários de um determinado Estado.

No Pará, Meirelles tem apoio declarado do candidato do MDB ao governo estadual, Helder Barbalho, mas o palanque incluirá ao menos 17 siglas. Coma maior aliança destas eleições, o ex-ministro da Integração Nacional disse que a receita para compatibilizar grande número de legendas é “respeitar” as relações dos aliados com seus candidatos ao Planalto. “Construímos uma aliança que respeita o projeto nacional de cada partido .”

Ministro do governo Dilma Ro us seff,Helderm inimiza a possibilidade de associara campanha ao candidato petista para angariar votos .“Eu tive oportunidade deter sido ministro do Pará .”

O MDB do Maranhão é outro que pode frustrar Meirelles. Tentando retomar o poder, o clã Sarney lançou a ex-governadora Roseana Sarney ao Palácio dos Leões. Ela faz defesa pública de Lula, embora o PT esteja aliado a seu rival, o atual governador, Flávio Dino( PC do B ). O ex-presidente José Sarney,pa ide Roseana, c om pareceuàconvençã oque homologou a candidatura de Meirelles,m as esquivou-sede responder sobre sua empolgação coma candidatura do ex-ministro.

O Planalto cobrou que os candidatos do MDB empunhem a bandeira de Meirelles. No entanto, como a direção nacional não reservou recursos públicos para os governadores aplicarem nas respectivas campanhas, a cúpula perdeu força para exigir empenho de quem flerta coma oposição. / FELIPE FRAZÃO, CAMILA TURTELLI, MARIANA HAUBERT e LEONENCIO NOSSA

 

Palanques

O tucano Geraldo Alckmin sofre resistências em Goiás e no Distrito Federal

 

APOIOS INFORMAIS

Coligação de Alckmin

Distrito Federal

Alberto Fraga (DEM)

Palanque informal: Bolsonaro

 

Goiás

Ronaldo Caiado (DEM)

Palanque: Alvaro Dias e Bolsonaro

 

Mato Grosso

Pedro Taques (PSDB)

Palanque informal: Bolsonaro

 

Roraima

José de Anchieta (PSDB)

Palanque informal: Bolsonaro

 

Sergipe

Belivaldo Chagas (PSD)

Palanque informal: Lula

 

Pernambuco

Armando Monteiro (PTB)

Palanque informal: Lula

 

Coligação de Meirelles

Alagoas

Renan Filho (MDB)

Palanque: Lula

 

Maranhão

Roseana Sarney (MDB)

Palanque: Lula

 

Paraná

João Arruda (MDB)

Palanque: Lula

 

Pará

Helder Barbalho (MDB)

Palanque: Lula ou Bolsonaro ou Marina Silva ou Alckmin