O Estado de São Paulo, n. 45599, 22/08/2018. Economia, p. B1

 

Com pesquisa eleitoral, dólar supera a marca de R$4 depoois de 30 meses

22/08/2018

 

 

 Recorte capturado

 

Tensão no mercado. Escalada da moeda americana em relação ao real foi na contramão do mercado internacional ontem, refletindo a preocupação dos investidores com a possibilidade de um segundo turno entre Bolsonaro (PSL) e um candidato do PT

Em alta há cinco pregões, o dólar à vista subiu ontem 2,13% e superou a barreira dos R$ 4 pela primeira vez em dois anos e meio, fechando em R$ 4,04. A escalada foi alimentada pela pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, que apontou dificuldades do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) em avançar, com uma maior possibilidade de segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e um candidato do PT, segundo analistas.

É a maior cotação desde fevereiro de 2016, quando os mercados repercutiam um rebaixamento do Brasil promovido na véspera pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, em meio à crise do governo Dilma Rousseff.

“Isso era inevitável, dado o tamanho da incerteza que o Brasil tem pela frente hoje e pela má qualidade dos candidatos que se apresentaram”, diz Monica de Bolle, economista da Universidade Johns Hopkins. “O crescimento das intenções de voto em Lula aumenta as chances de que um outro nome do PT esteja no segundo turno.”

Em outubro de 2002, às vésperas da campanha que elegeria Lula, o dólar também chegou a encostar nos R$ 4. Em valores atuais, porém, o dólar teria de ficar acima de R$ 7 para que os cenários fossem comparáveis.

Os investidores, no entanto, já apostam em valores mais altos para a moeda americana no mercado futuro. O dólar para julho de 2019, por exemplo, era negociado com valores próximos de R$ 4,10 e, para janeiro de 2020, perto de R$ 4,20. Mas parte dos analistas pondera que o candidato do PSDB, mais simpático ao mercado, pode crescer nas pesquisas com o início da campanha pelo rádio e TV. Apoiado pelo Centrão, o tucano tem o maior tempo de propaganda gratuita entre os candidatos.

Ontem, a alta do dólar no Brasil foi totalmente descolada do movimento no exterior. Lá fora, a moeda americana recuou em relação a divisas fortes e de emergentes e os rendimentos dos títulos do Tesouro americano subiram, com expectativa de melhora na relação comercial entre EUA e China. Com influência da questão política, o Ibovespa fechou aos 75.180 pontos, uma queda de 1,50%