Título: Test drive de preços
Autor: Dinardo, Ana Carolina; Mainenti, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 23/05/2012, Economia, p. 10
Consumidor sai de veículo novo no primeiro dia das novas tabelas, mas é bom fazer as contas, pois desconto varia de acordo com modelo
Apenas um dia após o governo ter anunciado a queda do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis até 31 de agosto bem como a do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos financiamentos, o consumidor correu às concessionárias em busca do carro dos sonhos. Manoel Messias Nunes da Silva, 48 anos, e a mulher, Cirlene Moreira, 30, não quiseram perder tempo. Ontem mesmo compraram um Voyage com quatro portas e motor 1.6. O veículo da Volkswagen saiu R$ 3 mil mais barato em relação ao valor que teriam desembolsado na véspera.
“Valeu a pena esperar”, comemorou Cirlene. Manoel contou que vai pagar R$ 5 mil de entrada, obtida com a venda do seu carro atual, um Gol de 1999, e financiar R$ 34,9 mil em 60 meses. “Primeiro paguei as dívidas da construção da minha casa, equilibrei as contas. Agora, com esse desconto, ficou mais fácil comprar um carro zero”, afirmou Manoel, que trabalha como pedreiro e ganha, em média, R$ 1,8 mil por mês. Cirlene é dona de casa e dedica todo seu tempo para cuidar da filha Manuela, 2.
Para os carros com motores de mil a duas mil cilindradas, como o comprado pelo casal, o IPI passou de 11% para 6,5%. Os veículos de até mil cilindradas tiveram a alíquota reduzida de 7% para zero; e os utilitários, de 4% para 1%.
Em nota divulgada ontem, a Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea) previu uma redução de cerca de 10% nos preços dos veículos com motor 1.0; de 7% nos modelos flex de mais de 1.0 a 2.0; e de 4% para os veículos comerciais leves. A expectativa da entidade é que as novas medidas reaqueçam o mercado, cujas previsões iniciais para este ano são de vendas de 3,8 milhões de veículos, com produção de 3,49 milhões.
Otimismo Após passar por uma turbulência que durou quatro meses, os empresários do setor automobilístico estão mais otimistas. Em abril, a queda nas vendas chegou a 12,2% em relação a março. O vice presidente do Sindicato das Concessionárias e Distribuidoras de Veículos do Distrito Federal, Hélio Rodrigues Aveiro, estima um crescimento de 20% nas vendas nos próximos meses. “A flexibilização dos bancos em relação ao crédito é o grande foco. Com taxas menores, vamos ampliar o volume de financiamentos”, previu.
O gerente comercial da Estação Fiat, em Brasília, Guilherme Gonçalves, informou que, na concessionária, os novos preços dos veículos devem entrar em vigor hoje. “Estamos esperando o comunicado da fábrica para podermos vender com a tabela nova”, destacou. Ele contou ainda que vai precisar devolver 600 carros ao fabricante para que os valores sejam modificados. “Fomos surpreendidos com o anúncio do governo, por conta disso vamos ter que nos adaptar para atender as exigências”, explicou.
A liberação de R$ 18 bilhões pelo governo para que os bancos aumentem a oferta de crédito para a compra de veículos também foi bem recebida pelos empresários. “Essas contribuições dadas pelos setores envolvidos resultarão, considerando a redução de impostos e diretamente nos preços, em uma redução que superará os 10% nas parcelas mensais dos financiamentos dos carros 1.0”, afirmou o presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti, por meio de nota. A entidade, que representa cerca de 7 mil concessionárias no país, mantém as previsões anunciadas no início de maio, quando projetou crescimento de 3,5% para os emplacamentos de veículos em 2012.
Portabilidade A presidente Dilma Rousseff pretende mudar as regras da portabilidade para que os brasileiros troquem suas dívidas por outras mais baratas. “O aumento da inadimplência é decorrente das taxas de juros. E os bancos reagem no sentido de reduzir o crédito, selecionando mais e elevando o custo financeiro e isso acaba aumentando a inadimplência”, afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em audiência ontem no Senado. “Estamos estudando medidas para facilitar a portabilidade e diluir os impostos em parcelas ao longo do refinanciamento”, disse Mantega. O Banco Central (BC), por sua vez, divulgou um número, o 0800-642-2345, para facilitar a troca de instituição financeira pelo brasileiro.
» Consignado mais em conta
O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) fixou em 2,14% ao mês o teto para a taxa de juros dos empréstimos consignados, destinados a aposentados e pensionistas. Para o cartão de crédito dos beneficiários da Previdência Social, o limite da taxa de juros mensal foi definido em 3,06%. A medida vai ser publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União. Oferecem empréstimos consignados 38 instituições bancárias, sendo 33 de pequeno porte, mais o Banco do Brasil, a Caixa, o Itaú, o Santander e o Bradesco. Duas em cada três instituições financeiras que oferecem planos de parcelamento em 60 prestações cobravam taxas superiores a 2,25% ao mês.