O Estado de São Paulo, n. 45596, 19/08/2018. Política, p. A8

 

Treinamento contra 'marinês' muda Marina no debate

Marianna Holanda

19/08/2018

 

A candidata à Presidência Marina Silva (Rede) vem passando por um treinamento com seus coordenadores de campanha e de comunicação para tornar seu discurso mais simples e assertivo e abandonar, de vez, o “marinês”. O resultado do treinamento foi comemorado anteontem, ao fim do debate entre os presidenciáveis promovido pela Rede TV! em São Paulo, no qual a ex-ministra foi a protagonista de um embate com o candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, sobre mulheres.

“Ela só reagiu, foi instinto e intuição. Mas acho que ela foi mais assertiva, sim, e vai ficar melhor cada dia”, afirmou ao Estado a coordenadora de campanha da candidata da Rede, Andrea Gouvea, após o debate.

Questionada sobre a mudança de tom, usualmente mais moderado, Marina negou se tratar de uma estratégia. “Foi ele (Bolsonaro) que me escolheu fazendo pergunta, porque geralmente existem aqueles que gostam de subestimar as mulheres.”

Além da equipe de media training, Marina contratou uma consultoria de moda com o objetivo de driblar a imagem de frágil que a perseguiu em 2014.

 

Vitimização. Ontem, o candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, minimizou o embate com Marina. Ele negou que tenha sido grosseiro com a ex-ministra, que, insatisfeita com uma resposta de Bolsonaro sobre mulheres, criticou o posicionamento do deputado acerca da desigualdade salarial entre homens e mulheres.

“Ela gritou comigo, me interrompeu, e eu a tratei com a maior cordialidade possível”, disse Bolsonaro após cerimônia de formatura de cadetes na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em Resende.

No Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do candidato, reforçou o discurso de que o pai estaria no papel de vítima diante da concorrente. “Marina Silva deu passos nas direção (sic) de Bolsonaro com a intenção de intimidá-lo. Imagina se fosse o contrário?”, escreveu.