Título: As contradições de Lagarde
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Fonte: Correio Braziliense, 23/05/2012, Economia, p. 12

A economia da Grã-Bretanha precisa que o Banco da Inglaterra (Banco Central do Reino Unido) injete mais dinheiro e possivelmente reduza as taxas de juros, ao mesmo tempo em que o governo deveria recuar em seu programa de austeridade se a situação piorar, afirmou a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde. O discurso de Lagarde durante a apresentação ontem do panorama econômico da Grã-Bretanha é exatamente oposto do que ela tem feito quando o assunto é a Grécia. A prescrição de medidas de austeridade pelo FMI ao país do Mediterrâneo foi o estopim de uma crise política sem precedentes, com os partidos gregos votados em 6 de maio não conseguindo formar o gabinete para governar e a convocação de novas eleiçõs em 17 de junho.

O FMI, no documento divulgado, assinala que o governo deve acelerar os esforços para fazer com que o crédito flua, eleve os gastos com infraestrutura e, se a crise da Zona do Euro piorar, considerar cortes temporários aos impostos sobre vendas e trabalhistas. “O crescimento está muito lento e o desemprego, incluindo o desemprego entre jovens, é muito alto. Políticas para impulsionar a demanda antes que o baixo crescimento se consolide são necessárias”, reforçou Lagarde.

Risco O Reino Unido luta para se recuperar da contração provocada pela crise financeira de 2007-2009. A economia voltou a entrar em recessão no início deste ano, e corre o risco de piorar com a crise da Zona do Euro. “Se a economia se mostrar significativamente mais fraca do que o estimado, um afrouxamento fiscal deve ser avaliado”, completou Lagarde.

O pedido do FMI pode dar ao ministro das Finanças britânico, George Osbourne, base para abrandar seu duro plano de austeridade, se necessário. O FMI destacou também que o ônus de dar mais estímulo recai primeiro sobre o Banco da Inglaterra, ao qual pediu que retome seu programa de “quantitavive easing” (compra de ativos) e que possivelmente reduza as taxas de juros que estão em uma mínima recorde de 0,5% ao ano.