Correio braziliense, n. 20198, 08/09/2018. Política, p. 3

 

PF investiga extensão do crime

Rodolfo Costa

08/09/2018

 

 

A Polícia Federal investiga a extensão do crime ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro. O que significa, na prática, uma apuração que vai além de um ato isolado de um criminoso supostamente abalado psicologicamente. Depois de a Polícia Militar (PM) de Minas Gerais levantar a hipótese de um crime premeditado, a Polícia Civil do estado também suspeita da participação de outras pessoas no crime, disse ontem o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. A Polícia Federal, no entanto, trabalha, por ora, com a hipótese de que o autor seja um “lobo solitário”.

Tudo ainda está sendo devidamente investigado. E motivações não faltam para os agentes trabalharem com a hipótese de um ataque orquestrado em conjunto. Policiais militares procuram telefones celulares, documentos e quaisquer outras pistas que apontem para a premeditação do crime com participação de mais integrantes. A Civil segue na mesma linha de investigação.

Embora trabalhe com a ideia de um ataque arquitetado apenas pelo autor do crime, Adélio Bispo de Oliveira, preso em flagrante, a PF está empenhada em investigar o ataque. “O que se trabalha basicamente é um ato isolado daquilo a que chamamos de lobo solitário. Mas existe, sobretudo no âmbito da PC, a preocupação com outros suspeitos que também serão ouvidos pela PF, que se encontram lá. Temos, desde ontem, equipe de inteligência para fazer todo levantamento necessário”, disse.

A ordem, declarou Jungmann, é fazer a reconstrução das ações de Adélio e de outros suspeitos que antecederam o ataque. “Estamos levantando toda a rede de relacionamento. E, obviamente, vamos fazer isso a todos que forem colocados como suspeitos no caso. Vamos reconstruir todos os passos até onde podemos voltar atrás”, explicou.

A possibilidade de motivação política do ataque a Bolsonaro é uma hipótese que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, não descarta. “Adiantar qualquer coisa na manhã seguinte é concluir precipitadamente. Mas não descarto possibilidade nenhuma”, afirmou.

O ataque a Bolsonaro preocupa Temer e o GSI a ponto de o emedebista ter decretado o reforço da segurança dos presidenciáveis (leia mais na página 4). Ontem, não houve mudança na estrutura de segurança do emedebista, mas os cuidados serão redobrados. “A prudência é o melhor remédio em um momento desses”, admitiu Etchegoyen. “Nós precisamos ajudar o Brasil a seguir adiante em paz. Não é o ódio que vai nos fazer crescer”, acrescentou.

Indiciado
Estão na mira da PF três suspeitos. Adélio, o autor, foi indiciado ontem pela instituição com base na Lei de Segurança Nacional. Ao ser enquadrado nessa legislação, o processo contra ele passa a tramitar na Justiça Federal, não na estadual. Além disso, as penas são mais duras do que as estaduais. O inquérito contra Adélio se baseia no artigo 20 da legislação, que prevê o crime de atentado pessoal por inconformismo político.

O crime cometido por ele pode render prisão de três a 10 anos. No entanto, se o juiz que o julgar entender que o ferimento a Bolsonaro pode ser enquadrado como lesão corporal grave, esse prazo pode dobrar. Se enquadram no atentado pessoal por inconformismo político crimes a chefes dos poderes da União, à integridade territorial e à soberania nacional e ao regime representativo e democrático.

Dos outros dois suspeitos, um deles prestou depoimento na noite de sexta-feira e foi liberado, apesar de continuar monitorado. O outro foi ferido durante o atentado a Bolsonaro e está hospitalizado. “É a informação que temos por ora. Existem outros que estariam envolvidos, mas, até agora, não se tem uma comprovação tácita e não se tem provas (de participação), embora permaneçam como suspeitos e permaneçam sendo averiguados”, afirmou Jungmann.

___________________________________________________________________________________________________________________________________________

PF investiga extensão do crime

Iracema Amaral

08/09/2018

 

 

A Polícia Federal investiga a extensão do crime ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro. O que significa, na prática, uma apuração que vai além de um ato isolado de um criminoso supostamente abalado psicologicamente. Depois de a Polícia Militar (PM) de Minas Gerais levantar a hipótese de um crime premeditado, a Polícia Civil do estado também suspeita da participação de outras pessoas no crime, disse ontem o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. A Polícia Federal, no entanto, trabalha, por ora, com a hipótese de que o autor seja um “lobo solitário”.

Tudo ainda está sendo devidamente investigado. E motivações não faltam para os agentes trabalharem com a hipótese de um ataque orquestrado em conjunto. Policiais militares procuram telefones celulares, documentos e quaisquer outras pistas que apontem para a premeditação do crime com participação de mais integrantes. A Civil segue na mesma linha de investigação.

Embora trabalhe com a ideia de um ataque arquitetado apenas pelo autor do crime, Adélio Bispo de Oliveira, preso em flagrante, a PF está empenhada em investigar o ataque. “O que se trabalha basicamente é um ato isolado daquilo a que chamamos de lobo solitário. Mas existe, sobretudo no âmbito da PC, a preocupação com outros suspeitos que também serão ouvidos pela PF, que se encontram lá. Temos, desde ontem, equipe de inteligência para fazer todo levantamento necessário”, disse.

A ordem, declarou Jungmann, é fazer a reconstrução das ações de Adélio e de outros suspeitos que antecederam o ataque. “Estamos levantando toda a rede de relacionamento. E, obviamente, vamos fazer isso a todos que forem colocados como suspeitos no caso. Vamos reconstruir todos os passos até onde podemos voltar atrás”, explicou.

A possibilidade de motivação política do ataque a Bolsonaro é uma hipótese que o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, Sérgio Etchegoyen, não descarta. “Adiantar qualquer coisa na manhã seguinte é concluir precipitadamente. Mas não descarto possibilidade nenhuma”, afirmou.

O ataque a Bolsonaro preocupa Temer e o GSI a ponto de o emedebista ter decretado o reforço da segurança dos presidenciáveis (leia mais na página 4). Ontem, não houve mudança na estrutura de segurança do emedebista, mas os cuidados serão redobrados. “A prudência é o melhor remédio em um momento desses”, admitiu Etchegoyen. “Nós precisamos ajudar o Brasil a seguir adiante em paz. Não é o ódio que vai nos fazer crescer”, acrescentou.

Indiciado
Estão na mira da PF três suspeitos. Adélio, o autor, foi indiciado ontem pela instituição com base na Lei de Segurança Nacional. Ao ser enquadrado nessa legislação, o processo contra ele passa a tramitar na Justiça Federal, não na estadual. Além disso, as penas são mais duras do que as estaduais. O inquérito contra Adélio se baseia no artigo 20 da legislação, que prevê o crime de atentado pessoal por inconformismo político.

O crime cometido por ele pode render prisão de três a 10 anos. No entanto, se o juiz que o julgar entender que o ferimento a Bolsonaro pode ser enquadrado como lesão corporal grave, esse prazo pode dobrar. Se enquadram no atentado pessoal por inconformismo político crimes a chefes dos poderes da União, à integridade territorial e à soberania nacional e ao regime representativo e democrático.

Dos outros dois suspeitos, um deles prestou depoimento na noite de sexta-feira e foi liberado, apesar de continuar monitorado. O outro foi ferido durante o atentado a Bolsonaro e está hospitalizado. “É a informação que temos por ora. Existem outros que estariam envolvidos, mas, até agora, não se tem uma comprovação tácita e não se tem provas (de participação), embora permaneçam como suspeitos e permaneçam sendo averiguados”, afirmou Jungmann.

_______________________________________________________________________________________________________________________________

Transferência em "condições muito boas"

08/09/2018

 

 

O presidente da Santa Casa, Renato Loures, disse que o deputado Jair Bolsonaro (PSL) foi transferido em condições “muito boas”, lúcido e comunicativo para São Paulo. Segundo o médico, equipes dos hospitais Sírio-Libanês e do Albert Einstein avaliaram Bolsonaro durante a madrugada e, com a equipe da Santa Casa, decidiram que ele estaria em condições para transferência.“Deve ter havido uma pressão muito grande dos hospitais de São Paulo, até porque ele não é daqui. Mas ele foi transferido em condições muito boas. Acreditamos que possa haver um desfecho muito bom em São Paulo”, disse. Loures acrescentou que, se houvesse atraso na cirurgia, Bolsonaro poderia ter morrido.


Por conta do vazamento da foto de Bolsonaro no leito hospital, Loures confirmou que policiais federais fizeram vistoria em celulares da equipe médica e de quem estava no local. “Não se pode permitir que seja vazada uma foto do paciente dentro do centro cirúrgico. Não sabemos se foi um médico ou um colaborador, mas podemos afastar um médico se tiver sido um. Pode ter sido uma pessoa também que estava junto daquele tumulto de polícia federal e segurança”, afirmou.