O Estado de São Paulo, n.45583 , 06/08/2018. Política, p.A8

Sem alianças, Ciro opta por chapa pura com Kátia Abreu

Mateus Fagundes

 

 

 

 Recorte capturado

 

Eleições 2018 Solução caseira / Candidato do PDT à Presidência atrai apenas o nanico Avante para coligação e escolhe senadora do Tocantins ligada à bancada ruralista

 

Renan Truffi / BRASÍLIA

Mateus Fagundes

 

O PDT anunciou ontem o nome da senadora Kátia Abreu (PDT-TO) como vice na chapa de Ciro Gomes à Presidência. A solução caseira, definida no último dia do prazo, se deu após o pedetista ter frustrada sua tentativa de construir uma aliança maior e conseguir atrair apenas o nanico Avante para a coligação.

Segundo dirigentes da sigla, a escolha pelo nome de Kátia teve como fator preponderante “garantir a representatividade da mulher” na chapa, além do bom trânsito que ela tem no setor do agronegócio. A senadora presidiu a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) de 2008 a 2017.

Com Kátia ao lado de Ciro, a campanha espera mais entrada com os ruralistas, estratégia parecida com a usada pelos tucanos para a escolha da senadora Ana Amélia (PP-RS) como vice de Geraldo Alckmin (PSDB).

“(Pesou) também a atuação importante dela no processo de impeachment da ex-presidente Dilma”, disse o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ao Estadão/Broadcast. Ele minimizou o passado da senadora ligada a pautas consideradas conservadoras. “O ser humano é o único ser vivo que tem direito à evolução”, afirmou.

A escolha pela chapa pura se deu após uma semana de seguidos reveses para Ciro. O ex-ministro estava em negociação avançada para compor com o PSB, mas as conversas travaram após intervenção do PT. Os petistas exigiram a neutralidade do PSB para retirar a candidatura da vereadora Marília Arraes (PT), em Pernambuco.

Ciro também não conseguiu fechar aliança com os partidos do Centrão, que chegaram a negociar com sua campanha, mas optaram pelo apoio a Alckmin. O motivo alegado foram as posições “inconciliáveis” do grupo com o candidato em relação a temas econômicos.

 

Ruralista. Historicamente ligada aos ruralistas, a senadora foi eleita pelo Tocantins em 2006, pelo DEM. Quando a presidente cassada Dilma Rousseff assumiu o Planalto, em 2011, as duas acabaram se aproximando. Já pelo MDB, em 2014, Kátia foi reeleita no cargo.

No ano seguinte, foi nomeada ministra da Agricultura. No processo de impeachment de Dilma, Kátia se tornou uma das mais ferrenhas defensoras da petista. O apoio incondicional a Dilma, mesmo após o impeachment, custou à senadora a expulsão do MDB, em 2017.

Em março deste ano, ela se filiou ao PDT para disputar a eleição suplementar do governo do Tocantins. Na corrida extemporânea, ficou em quarto lugar, com 15,66%. Ela pretendia concorrer novamente ao mesmo cargo em outubro. Na eleição estadual, Lula enviou carta de apoio à candidatura de Kátia, mesmo sem o PT fazer parte formalmente da chapa.

Kátia responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal após ter o nome citado na delação da Odebrecht, na Lava Jato. Executivos da empreiteira disseram ter repassado R$ 500 mil por meio de caixa 2 para a campanha dela em 2014. Ela tem negado as acusações. Procurada ontem, Kátia não respondeu.

 

São Paulo. O PDT de São Paulo anunciou, ontem, a candidatura de Marcelo Cândido, exprefeito de Suzano, ao governo do Estado. O partido havia fechado aliança com o governador e candidato à reeleição Márcio França (PSB), mas o apoio estava condicionado à indicação do vice ou de um candidato ao Senado, segundo o presidente do PDT, Carlos Lupi. “Aí ontem ele (Márcio França) apresenta a chapa completa e nos excluiu.”/ COLABORARAM BRENO PIRES e PAULA REVERBEL .