O globo, n. 31088, 18/09/2018. País, p. 4

 

Marco Antônio usa carta de Cabral na campanha

Juliana Castro

18/09/2018

 

 

No texto, ex-governador diz que deputado, candidato à reeleição, ‘não merece pagar’ pelos seus erros e pede desculpas

Preso desde novembro de 2016, condenado por corrupção passiva e outros crimes, o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) escreveu uma carta para o filho Marco Antônio Cabral, na qual pede desculpas pelos erros que cometeu. Também emedebista, ele é deputado federal e concorre à reeleição. O parlamentar divulgou ontem a mensagem, escrita de próprio punho pelo emedebista, em suas redes sociais, com uma foto da carta, datada de 7 de setembro.

O ex-governador tenta desvincular o mandato do filho de seus erros, palavra que usa no decorrer do texto, sem falar em crimes. Na carta, Cabral lembra os quase dois anos em que está preso e diz que luta na Justiça para não ser punido pelo que não fez.

“Você não merece pagar pelos meus erros. Você fez um lindo mandato e merece a reeleição. Quem errou fui eu. E a população do Rio sabe disso. Você aprendeu com os erros do seu pai e tem a sua vida pública própria”, diz Cabral na carta.

QUASE 200 ANOS DE PRISÃO

O ex-governador foi denunciado 25 vezes na Lava-Jato. Oito desses processos resultaram em condenações que já somam mais de 183 anos de prisão. Marco Antônio visita com frequência o pai na cadeia. Já usou, inclusive, a prerrogativa de parlamentar para isso. Após passar pela Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, o ex-governador voltou para Bangu 8, para onde foi levado assim que foi preso em novembro de 2016.

Cabral fala na carta sobre seu primeiro neto, que recebeu o mesmo nome do deputado federal. O exgovernador conheceu o bebê em uma sala da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, durante um dos depoimentos que prestou ao juiz Marcelo Bretas.

“A fé em Deus e o amor de nossa família têm sido as bases para superar e enfrentar a privação da liberdade”, escreve Cabral na carta.

Aos 27 anos, Marco Antônio está no primeiro mandato de deputado federal, para o qual foi eleito com 119.584 votos, sendo o 9º mais votado para a Câmara pelo Rio.