O globo, n. 31100, 30/09/2018. País, p. 5

 

Bolsonaro recebe apoio e vaias no voo para casa

Jussara Soares

Mariana Matinez

Jeferson Ribeiro

30/09/2018

 

 

Em entrevista à TV Globo, candidato do PSL volta a levantar suspeitas sobre as urnas eletrônicas e diz que quer ir a debate. Apoiadores foram ao Santos Dumont e à Barra para desejar boa recuperação ao presidenciável

Após a alta em São Paulo, Jair Bolsonaro viajou para o Rio em um voo comercial da Gol. O candidato foi o último a entrar na aeronave. A decolagem atrasou por aproximadamente meia hora para que Bolsonaro e sua comitiva se acomodassem. Policiais federais pediram que alguns passageiros dessem lugar aos seguranças, que se sentaram próximos ao presidenciável. Assim que entrou, Bolsonaro foi recebido com algumas vaias, mas também eram ouvidos gritos de “mito”. O presidenciável chegou sem muito alarde.

Ele acenou para os passageiros, fez sinal de positivo com o polegar e logo se acomodou na primeira fila. Enquanto isso, os passageiros continuavam divididos em suas manifestações. Os que apoiavam o capitão da reserva gritavam “ele sim”, ao mesmo tempo em que os contrários puxavam o coro de “ele não”. Segundo relatos de pessoas que estavam no voo, dois passageiros pediram para deixar a aeronave depois da chegada do candidato, como forma de protesto. As portas foram fechadas só depois de controlada a situação.

URNAS ELETRÔNICAS

Durante o voo, Bolsonaro conversou com o Jornal Nacional, da TV Globo, e voltou a lançar dúvidas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. —Um sistema eleitoral onde nós já tínhamos acertado uma maneira de auditá-lo, que é o voto impresso, lamentavelmente o Supremo Tribunal derrubou. O que eu sinto nas ruas, o que eu vejo em manifestações, haverá uma grande amanhã (hoje) na Paulista. É um sinal claro que o povo está do nosso lado e, da forma como isso é demonstrado, não dá pra gente aceitar passivamente a fraude, a possível fraude à eleição do outro lado —disse.

Ele também afirmou que “tem vontade de ir” ao debate da TV Globo, na quinta-feira:

— Quero rever minha filha de sete anos, a família, não tem preço. Estou muito feliz. Eu tenho recomendações médicas, mas estou tentando uma liberação e vou ver se consigo ir ao debate da Globo na quinta-feira —declarou, acrescentando que quer desfazer malentendidos:

—Parte da equipe falou demais. Mas foi tudo de boa fé. O advogado Alan Haining, de 36 anos, que estava sentado atrás de Bolsonaro, disse que conseguiu ver o candidato de perto.

— Está bem mais magro, mas parecia bem tranquilo. Passou a viagem inteira quieto, sem interagir muito com ninguém —afirmou. Passado o momento inicial, mais tumultuado, o voo seguiu com tranquilidade.

— O clima foi mais calmo do que eu esperava para a situação —disse o empresário Diogo Moura, de 54 anos. Uma recepção com dezenas de apoiadores aguardava o candidato do PSL no saguão do Aeroporto Santos Dumont, mas Bolsonaro não saiu pela sala de desembarque com os demais passageiros. Ele foi encaminhado a um carro da PF ainda na pista. Dali, seguiu direto para a Barra da Tijuca, onde mora.

Lá, ele novamente foi recebido por uma manifestação de apoio, desta vez formada por centenas de pessoas aglomeradas na porta do condomínio. O grupo cantou o hino nacional e empunhava bandeiras do Brasil e cartazes de apoio ao candidato do PSL à Presidência.