Correio braziliense, n. 20199, 09/09/2018. Política, p. 3

 

Agressor é transferido para Campo Grande

09/09/2018

 

 

Preso na tarde de quinta-feira, após esfaquear o presidenciável do PSL, deputado Jair Bolsonaro, durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), o servente de pedreiro Adelio Bispo de Oliveira foi transferido, na manhã de ontem, para um presídio federal de Campo Grande (MS). A remoção de Oliveira foi determinada pela juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, da 2ª Vara Federal de Juiz de Fora, durante audiência de custódia. A informação foi confirmada pela equipe de plantão da sede da Polícia Federal, na cidade do interior de Minas Gerais, onde Oliveira foi preso em flagrante.

O agressor foi indiciado com base na Lei de Segurança Nacional. A juíza federal decidiu na audiência pela manutenção da prisão de Oliveira, convertendo de flagrante para preventiva. A juíza considerou o atentado “delito grave, que revela profundo desrespeito à vida humana e ao estado democrático de direito”. Ela não descarta crime político.

Após o ataque ao presidenciável, o agressor, de 40 anos, foi levado para uma delegacia de Juiz de Fora e, lá, assumiu o crime. Afirmou que agiu sozinho e “a mando de Deus”. Oliveira estava provisoriamente no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), na cidade mineira, antes de ser transferido. A Lei de Segurança Nacional (n° 7.170), que define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, inclui os crimes pela “prática de atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas”. A transferência de Oliveira para um presídio federal, feita a pedido da bancada do PSL, partido de Bolsonaro, foi decidida como forma de manter a segurança do agressor.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

Defesa usa jatinho particular

09/09/2018

 

 

Assim como não se sabe precisamente as respostas de algumas das perguntas fundamentais para a investigação, também se questiona a formação da equipe de advogados que representa o agressor Adelio Bispo de Oliveira. São quatro profissionais envolvidos na defesa: Zanone Manuel de Oliveira Júnior, Fernando Costa Oliveira Magalhães, Marcelo Manoel da Costa e Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa.

Os quatro advogados são bancados por uma ‘congregação evangélica’ de Montes Claros. Ao menos foi isso o que garantiu o advogado Fernando Magalhães. “Fomos contratados a partir de uma congregação de Montes Claros, que pediu sigilo”, disse. Não há, entretanto, informação precisa a respeito de qual congregação teria bancado os advogados na defesa de Adelio. O advogado Marcelo Manoel da Costa colocou em xeque a versão do próprio companheiro de defesa sobre o pagamento de honorários. Segundo Marcelo, a banca que trabalha no caso prioriza a “visibilidade”, e não o valor classificado como “irrisório”.

“Tenho certeza de que não há participação política ou um grupo bancando nossos honorários. A visibilidade é bem-vinda. Chegamos primeiro”, disse.

“Como já existe a confissão, acreditamos que estamos pisando num terreno bem confortável”, resumiu o advogado. Amanhã, a defesa vai instaurar um incidente de insanidade mental, que poderá resultar na transferência de Adélio para um hospital psiquiátrico, onde poderá passar até 45 dias para fazer exames. Marcelo negou a existência de problemas mentais, mas disse que os advogados se baseiam, para o pedido, em declarações do acusado sobre o uso de remédios controlados e histórico de questões neurológicas e psiquiátricas.

O advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior utilizou um avião do qual é dono para deixar Belo Horizonte às pressas rumo a Juiz de Fora, onde participaria da defesa de Adelio. O trajeto foi feito na sexta-feira, dia seguinte ao ataque. Ao lado de Zanone, viajou o também advogado Fernando Costa Oliveira Magalhães. Os dois se juntaram a Marcelo e Pedro Augusto na audiência de custódia que definiu a transferência de Adelio do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) de Juiz de Fora para a penitenciária federal.

Zanone e Fernando trabalharam juntos, por exemplo, na defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, envolvido na morte de Eliza Samúdio, ex-namorada do ex-goleiro Bruno. Ambos trabalham em Belo Horizonte e na região metropolitana da capital, mas não são do mesmo escritório. Os dois foram acionados por Marcelo Costa e Pedro Augusto Possa, que são de Barbacena, na Zona da Mata, e acompanham o caso desde o início.

Sobre o contato com os advogados para um caso de repercussão internacional, pois envolve um candidato à Presidência da República em primeiro lugar nas pesquisas, Marcelo explicou que o primeiro contato se deu por meio de um parente de Adelio, que fora aluno do advogado Zanone, e telefonou para ele. “A questão do pagamento será combinada depois”, disse o advogado.

______________________________________________________________________________________________________________________________________________

Bolsonaro caminha por cinco minutos

09/09/2018

 

 

O candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, se mantém “consciente e em boas condições clínicas”, conforme boletim médico do Hospital Albert Einstein, divulgado ontem. O quadro clínico era estável e ele podia se movimentar da cama para a poltrona.

O deputado estadual e candidato do PSL a senador pelo Rio, Flávio Bolsonaro, postou, por volta das 12h, uma foto do pai nas redes sociais e na qual ele aparece sentado numa poltrona, fazendo gestos de armas com as mãos. “Meu pai segue evoluindo e começou agora a fisioterapia. Muito obrigado a todos pela força e pelas orações!”, escreveu Flavio Bolsonaro.

O presidenciável está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde a tarde de sexta-feira, após ter sido transferido da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora(MG), onde se recuperava da facada que levou em ato de campanha.

Bolsonaro não teve febre ou sinais de infecção e apresentava boa situação cardiovascular e pulmonar, de acordo com o hospital. Ele mantinha jejum oral e estava sendo alimentado por via endovenosa. O hospital informou que as visitas ao presidenciável estão “restritas à esposa e a filhos, por ordem médica”.

O senador Magno Malta (PR-ES) defendeu que a imagem do candidato sendo esfaqueado seja usada na campanha eleitoral do presidenciável. Segundo o senador, a imagem ajuda a derrubar a associação entre Bolsonaro e a violência. O economista Paulo Guedes, responsável pelo programa de governo de Bolsonaro, também esteve ontem no hospital para visitar o presidenciável.

Bolsonaro caminhou durante cinco minutos acompanhado de um fisioterapeuta, segundo boletim médico distribuído no fim da tarde pelo hospital Albert Einstein. De acordo com os médicos, o tempo das caminhadas será aumentado gradualmente, conforme a recuperação de Bolsonaro. O objetivo do exercício é reduzir riscos de trombose, problemas pulmonares e recuperar o funcionamento do intestino.