O globo, n. 31094, 24/09/2018. País, p. 8

 

No Rio, candidatos fazem ajustes na reta final

Bernardo Mello

Lucas Altino

Stéfano Salles

Waleska Borges

24/09/2018

 

 

Em busca do segundo turno contra Eduardo Paes, Romário incorpora ex-marqueteiro de Crivella, e Garotinho intensifica campanha no interior. Mais distantes, Indio aposta em Bolsonaro, e Tiburi sonha com ‘onda Haddad’

Na reta final da disputa pelo Palácio Guanabara, em que Eduardo Paes (DEM) aparece numericamente à frente dos adversários nas pesquisas de intenção de voto, outros candida tosque buscam um lugarno segundo turno vão fazer ajustes importantes nas campanhas. Romário (Podemos) incorporou à equipe o publicitário Lula Vieira, que já trabalhou com Fernando Gabeira e Marcelo Crivella. Já Anthony Garotinho (PRP) reservará mais ataques a Romário, enquanto corre atrás do eleitorado do Norte Fluminense. Alvo costumeiro de Garotinho, o ex-prefeito do Rio vai manter a estratégia adotada até aqui, evitando investidas contra adversários e intensificando as viagens. Indio da Costa (PSD), por sua vez, é o único que apostará na nacionalização da campanha, após declarar voto em Jair Bolsonaro (PSL).

Aliados de Garotinho apostam no interior para impulsionar a campanha, que segue estacionada com 12% de intenções de voto, segundo Ibope e Datafolha. Enquanto Paes e Romário fizeram incursões pelo Norte do estado no fim de agosto, Garotinho deixou a articulação regional a cargo da mulher, a ex-governadora Rosinha Garotinho. Ao lado do filho Wladimir, candidato a deputado federal, Rosinha tem organizado carreatas e eventos na região. Entre quinta-feira e sábado, o ex-governador passou por 17 cidades da região, num itinerário parecido ao que Romário já havia feito.

O candidato do PRP está de olho no alto número de indecisos e de votos brancos e nulos no interior: 30%, segundo o Ibope. Ele insistirá em associar Paes a Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, ambos do MDB, buscando eleitores desiludidos com a política fluminense. Mas também tentará colar em Romário o rótulo de inexperiente, para evitar que o adversário herde o voto dos descontentes. O senador tem 22% das intenções de voto no interior, numericamente à frente de Paes (17%) e distante de Garotinho (13%). Até esta mudança de rumo, o ex-governador havia concentrado as agendas na capital, onde tem alta rejeição, e na Região Metropolitana.

‘O FRASISTA VAI VOLTAR’

Antes da chegada de Lula Vieira, Romário vinha acumulando parcialmente o papel de marqueteiro da própria campanha. Depois que o desempenho do senador em sabatinas e debates foi criticado, o publicitário tem se preocupado em deixá-lo mais espontâneo.

—Não queremos apresentá-lo com um perfil que ele não tem. Vamos valorizar o que ele tem de melhor. O frasista vai voltar — afirmou Vieira, numa referência à fama de Romário nos tempos de jogador.

Até os cuidados com a aparência do candidato receberam atenção do marqueteiro.

—Às vezes, ele esquece de fazer abarba efica meio feinho—diverte-se.

Achegada de um marqueteiro não foi a única mudança no esta fede Romário. Consultor político da candidatura, o ex-deputado federal Rodrigo Bethlem continua no grupo, mas perdeu espaço e, atualmente, tem suas atividades mais vinculadas à comunicação. Ex-secretário de Paes, Bethlem é visto como um importante aliado para um eventual segundo turno contra o ex-prefeito.

Entre os cinco primeiros colocados, apenas Romário e Tarcísio Motta (PSOL) já fizeram atos públicos com candidatos à Presidência de seus partidos —Alvaro Dias e Guilherme Boulos, respectivamente. Formalmente, as legendas de Paes e Indio apoiam a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), mas ambos evitam o tucano. Nos últimos dias, Indio passou a fazer campanha abertamente por Bolsonaro. Paes decidiu não subir ao palanque com nenhum candidato, mas se reveza em elogios ao tucano e ao capitão da reserva, a quem chamou de “equilibrado” na semana passada. No Rio, Bolsonaro tem 37% das intenções de voto.

Aliados de Indi o dizem que o apoio ao presidenciável vinha sendo amadurecido desde o início da campanha. A candidatura ao Senado de Arolde de Oliveira na mesma coligação pavimentou a aproximação com o capitão da reserva — Arolde e Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidenciável, têm feito uma dobradinha informal. Em entrevistas e debates, Indio investe nas propostas para a segurança, agenda comum a Bolsonaro. A avaliação na campanha é que as menções ao candidato do PSD nas redes sociais cresceram após o voto declarado em Bolsonaro no debate do SBT.

— Do ponto de vista eleitoral, o Eduardo (Paes) seria o candidato para “bater”. Mas estamos tentando pautar o tema da segurança em debates — ponderou Jackson Vasconcelos, coordenador da campanha.

ESPERANÇA EM HADDAD

A ascensão de Fernando Haddad (PT) na disputa presidencial virou um fio de esperança para a campanha petista no Rio. Até agora, Marcia Tiburi (PT) e Tarcísio, as principais candidaturas de esquerda, estão distantes do segundo turno, com 3% e 4% das intenções de voto, respectivamente. Em 2014, as candidaturas do PSOL, com o próprio Tarcísio, e do PT, com Lindbergh Farias, não foram ao segundo turno, mas somaram cerca de 20% do total de votos. Washington Quaquá, presidente do PT no Rio, acredita em voto útil no eleitorado de esquerda.

— Isso, aliado ao efeito Haddad, traz uma possibilidade de briga pelo segundo turno —aposta.

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Dias Toffoli assume a Presidência por dois dias

Adriana Mendes

24/08/2018

 

 

Ministro do STF deve nomear novo membro do CNJ enquanto Temer participa de assembleia da ONU

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli, assumiu ontem pela primeira veza Presidência da República em substituição ao presidente Michel Temer, que embarcou para Nova York, onde participará da abertura da 73ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

Pela Constituição, na ausência do presidente e do vice, quem assume o cargo é o presidente da Câmara e, na sequência, o do Senado. Ambos estão fora do país. Mas outro impedimento é a lei eleitoral, que veta a candidatura de ocupantes de cargos no Executivo nos seis meses que antecedem as eleições. Dessa forma, se Maia ou Eunício assumissem, ficariam inelegíveis.

Toffoli, que tomou posse no STF no dia 13, despachará hoje e amanhã no Palácio do Planalto. Hoje ele assinará o ato de nomeação do advogado Henrique Ávila como integrante do Conselho Nacional de Justiça. Em seguida, assinará uma lei que trata de aspectos relacionados às mulheres e à família e outra que modifica o prazo de licença paternidade para o militar.

Amanhã, Toffoli terá despachos internos e,à tarde, vai assinar um alei que inscreve o nome do político Miguel Arraes de Alencar no Livro dos Heróis da Pátria. Enquanto ficar fora do STF, quem assume a presidência da Corte é o vice, ministro Luiz Fux.

O caso mais recente de ministro do STF que assumiu a Presidência da República foi o de sua antecessora, Cármen Lúcia. Antes dela, fizeram o mesmo Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Octavio Gallotti, Moreira Alves e José Linhares.