Título: Acesso a 10 contas da Delta
Autor: de Tarso Lyra, Paulo
Fonte: Correio Braziliense, 25/05/2012, Política, p. 3

A CPI que investiga o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira deve quebrar na próxima semana o sigilo bancário nacional da construtora Delta. A comissão já tem informações de que o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste Cláudio Abreu tinha autorização para movimentar pelo menos 10 contas da empresa, algumas com abrangência nacional. A intenção agora é ter o acesso à toda movimentação financeira da empresa, inclusive os contratos firmados com governos estaduais e federal, e possíveis pagamentos a parlamentares envolvidos no esquema de corrupção.

Como adiantou o Correio, as movimentações nacionais da construtora já foram quebradas pela Operação Saint-Michel, da Polícia Federal. Existem informações ainda sobre os dados fiscais e bancários de Cláudio Abreu e de Heraldo Puccini, nomeados pela direção nacional da empresa como procuradores das contas na Região Centro-Oeste. Os documentos analisados, contudo, mostram que eles tinham um grau de ação maior, movimentando recursos em pelo menos 20 estados.

Segundo o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), ainda não existem condições de se mensurar o tamanho da movimentação descoberta pela Operação Saint-Michel. "Esses dados ainda não chegaram em sua totalidade à CPI. Eles estão atrasados porque fizemos, em um primeiro momento, uma requisição à Polícia Civil e nos informaram que o inquérito estava na 5ª Vara de Justiça do Distrito Federal", justificou o relator.

Requerimento Um dos representantes da oposição na CPI, o deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP) protocolou um pedido de informações ao ministro da Defesa, Celso Amorim, solicitando explicações sobre os contratos cancelados ou suspensos firmados pela Delta com a pasta. O mesmo requerimento foi encaminhado aos ministérios da Saúde, da Integração Nacional e dos Transportes.

No requerimento encaminhado à Defesa, Thame justifica que, entre 2006 e 2012, o ministério pagou a Delta o montante de R$ 54,886 milhões. "Os relatórios da Polícia Federal indicam que os diretores da construtora recebiam informações privilegiadas sobre licitações públicas e, em troca, faziam pagamentos a empresas fantasmas de Cachoeira", completou.

Habeas corpus negado A 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios negou, por unanimidade, o pedido de habeas corpus apresentado pelos advogados de Heraldo Puccini Neto (foto), diretor regional da Delta Construções em São Paulo, com o objetivo de revogar o pedido de prisão preventiva expedido contra ele, durante a Operação Saint-Michel, um desdobramento da Monte Carlo. A advogada de Heraldo, em sustentação oral, chegou a pedir que a prisão fosse substituída por outras medidas cautelares, o que acabou rejeitado.

Liminar para ficar em silêncio A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu uma liminar ontem ao ex-diretor da Delta Cláudio Abreu, na qual permite que ele fique calado durante o depoimento que irá prestar na próxima terça-feira à CPI do Cachoeira. Além de assegurar que Cláudio Abreu permaneça em silêncio no Congresso, a ministra autorizou que ele se comunique com os advogados durante o depoimento. A defesa do ex-diretor da Delta alega que ele poderia produzir provas contra si, caso tivesse que responder às indagações dos parlamentares.